Comemoração

Tribos fazem festa pelo Dia do Índio em Curitiba

Uma ocasião especial merece roupas típicas e muitos convidados. Assim foi a comemoração antecipada do Dia do Índio, celebrado hoje, na aldeia indígena urbana Kanané Porã, em Curitiba.

A festa aconteceu ontem e reuniu índios das etnias guarani, caingangue e xetá. Índios de outras aldeias também participaram das comemorações. Houve a apresentação de danças típicas e a venda de artesanato feito pelos próprios índios.

O cacique Kajer, da aldeia Kanané Porã, conta que os índios ainda sentem um pouco de discriminação por parte da sociedade. Ele acredita que muitos órgãos públicos também não dão a atenção devida às comunidades indígenas.

“O que aconteceu com o transporte escolar das nossas crianças (ficaram sem transporte para a escola no início deste ano letivo) foi uma discriminação”, comenta.

Para Edívio Battistelli, da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Curitiba, os índios permanecem sem inclusão na sociedade e a presença deles deve ser valorizada.

“Houve diversos avanços nos últimos anos, mas este ainda é um desafio”, afirma. Ele lembra que muitas aldeias ainda sofrem com a falta de segurança alimentar. “Está na hora de abrir novos caminhos para a comunidade indígena. O setor produtivo, seja por atividades tradicionais ou não, é importante e deve seguir a aptidão da comunidade”, explica.

O cacique Kajer reforça essa necessidade, revelando que a aldeia está empenhada em alguns projetos, que envolvem artesanato e também uma pequena malharia.

“Antes, a gente não tinha como fazer nada porque a terra não era nossa. Como arrumaram essa (a aldeia urbana), a gente consegue aqui levar projetos. A nossa intenção é ser autossustentável. Não queremos mais ficar dependendo exclusivamente de órgãos públicos”, salienta.

Faz três meses que foi estabelecida a aldeia Kanané Porã, que abriga 35 famílias de três etnias diferentes. Esse é um fato a ser comemorado, segundo Sandra Terena, vice-presidente da organização não-governamental Aldeia Brasil.

“Em termos locais, temos muito a comemorar com a aldeia urbana, que tem um projeto diferenciado. No âmbito nacional, consideramos importante a marcação contínua da Reserva Raposa Serra do Sol. Nada melhor do que a própria comunidade indígena para cuidar daquele bioma”, considera.