Três filhotes de tucanos que caíram do ninho no quintal de uma dona-de-casa de Santa Felicidade, em Curitiba, chamaram mais uma vez a atenção da vizinhança para a presença de animais selvagens em diversos bairros de Curitiba. Os bichos estavam fracos, mas foram bem cuidados pela filha de dona Maria Selma, que os colocou em uma gaiola e deu frutas para alimentá-los. No final da manhã de ontem, os tucanos foram resgatados por policiais da Força Verde e veterinários de uma clínica especializada no tratamento de animais selvagens.
Quando os filhotes foram encontrados, estavam na boca de um dos cachorros da dona-de-casa, que já fez outros resgates antes. ?Aqui tem jacu, esquilo, lagarto, já vimos de tudo. Quando estão machucados, a gente procura cuidar?, conta. No momento em que a família percebe que os animais estão recuperados, voltam à liberdade.
O exemplo dos tucanos serve para espelhar uma cena que vem se tornando cada vez mais comum no cenário urbano. São diversas espécies de mamíferos, aves e répteis que acabam se adaptando à cidade, uma vez que o ambiente propício e a depredação da habitação natural empurram os animais para os grandes centros. ?Tem muita fauna urbana em Curitiba. A cidade é arborizada, tem parques. O tucano-do-bico-verde (espécie encontrada na árvore do quintal de dona Maria Selma) é espécie nativa da região e está adaptada ao ambiente urbano?, explica o veterinário da clínica Vida Livre, Paulo Rogério Mangini, que apóia a Polícia Florestal no resgate de animais selvagens.
Quando retirados do local, os bichos são tratados e encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Selvagens da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Depois, é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que decide o destino deles. ?Eles podem ser reabilitados e voltar à natureza ou têm de ficar em cativeiro. Isso acontece principalmente com filhotes que são pegos e, quando criados na mão, não conseguem mais se adaptar a seu ambiente natural?, lamenta.
O veterinário chama atenção também para o socorro que a população pode prestar aos bichos, caso os encontre feridos. ?Ninguém é autuado por ser pego com o animal ferido?, avisa. Neste caso, eles podem ser levados diretamente à clínica ou o morador entra em contato com a Força Verde. O alerta fica principalmente por conta dos riscos que os animais correm no ambiente urbano. ?Podem cair das árvores, muitas vezes são pegos por predadores, se machucam em fios elétricos, podem ser atropelados e às vezes se afogam nas piscinas?, cita.