Trem da ALL tomba e Rio Negro fica sem água

O município de Rio Negro, no Sul do Estado, é a mais nova vítima das “trapalhadas” da América Latina Logística (ALL) – concessionária responsável pela malha ferroviária Sul. O abastecimento de água na cidade está comprometido desde ontem, graças a um acidente com uma composição da ALL, em Mafra, município catarinense vizinho a Rio Negro.

Por volta de 6h35 de segunda-feira, duas locomotivas e cinco vagões carregados com óleo vegetal tombaram entre as localidades de Avencal e Cruz Lima. Quatro desses vagões descarrilaram, causando o derramamento de dez mil litros do produto.

Segundo a ALL, parte da carga foi contida, mas dois mil litros escorreram por um córrego e chegaram ao Rio Negro, que fica a quinhentos metros do local do acidente. Tanto a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) quanto a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) tiveram que interromper a captação de água no rio, prejudicando o abastecimento nas duas cidades. Embora não tenha ocorrido no Paraná, o acidente soma-se aos constantes prejuízos que a concessionária vem causando ao Estado, tanto na parte ambiental quanto histórico-cultural, caso das avarias na ponte sobre o Rio São João. Nesse período, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) já lavrou 29 autos de infração com multas à empresa por danos ambientais.

A Sanepar está solicitando aos cerca de 30 mil moradores de Rio Negro que utilizem a água que se encontra em seus reservatórios domiciliares apenas para o preparo de alimentos e outras atividades essenciais.

A companhia teve conhecimento do acidente somente na noite de segunda-feira. “Como a camada de óleo está muito densa, temos que aguardar a sua retirada para voltarmos a captar e tratar a água a ser distribuída para a população”, explicou o gerente da empresa na cidade, Paulo Lopes de Freitas.

As escolas, hospitais e postos de saúde serão abastecidos por quatro caminhões-pipa, com água tratada de Campo do Tenente. A expectativa é que a captação volte ao normal somente hoje.

Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente de Rio Negro, Vilson José Lorenzi, informações da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) dão conta de que a conservação na via férrea é bem precária. Ele disse que o órgão ambiental catarinense foi avisado do acidente apenas por volta de 18h, quase doze horas após o ocorrido. A informação é contestada pela ALL. “O Instituto Ambiental do Paraná nem foi avisado pela ALL. Fui eu que o comuniquei”, informou Lorenzi.

ALL

Segundo a ALL, a composição acidentada seguia rumo ao Porto de São Francisco. Além do óleo vegetal, também havia soja, farelo de soja e óleo diesel. “O óleo vegetal é um produto biodegradável, que não traz danos à saúde, mas é importante evitar qualquer risco”, amenizou o gerente de Meio Ambiente da ALL, Durval Nascimento Neto.

Cerca de 30 pessoas da área de meio ambiente da ALL estão trabalhando no local. Mais 50 homens estão fazendo o transbordo da carga. A previsão era que o trecho fosse liberado no início da noite de ontem.

Casos envolvendo a ALL

Local: Irati.
Acidente: vazamento de gasolina e óleo diesel que atingiram cursos de água.
Data: 20/12/1999

Local: Uraí.
Acidente: vazamento de álcool anidro que atingiu o corpo hídrico do Ribeirão Água da Figueira.
Data: 11/03/2000.

Local: Piraí do Sul.
Acidente: vazamento de produtos perigosos que atingiram corpos hídricos.
Data: 10/04/2000.

Local: Via férrea entre Ourinhos e Jaguariaíva.
Acidente: vazamento de produtos perigosos.
Data: 29/05/2000.

Local: Fernandes Pinheiro.
Acidente: vazamento de óleo diesel que atingiu cursos de água.
Data: 25/07/2000.

Local: Fernandes Pinheiro.
Acidente: vazamento de gasolina que atingiu corpo hídrico.
Data: 02/08/2000.

Local: Curitiba.
Acidente: vazamento de óleo diesel que atingiu corpos hídricos.
Data: 22/08/2000.

Local: Morretes.
Acidente: danificação de vegetação nativa em área de preservação.
Data: 25/09/2000.

Local: Morretes
Acidente: vazamento de derivados do petróleo que atingiu o corpo do riacho Caninana e queima de vegetação nativa em área de preservação ambiental.
Data: 25/09/2000.

Local: Irati.
Dano ambiental: remoção de terra e supressão de vegetação em área de preservação permanente para ampliação de desvio férreo.
Data: 29/03/2001.

Local: Joaquim Távora.
Acidente: vazamento de óleo diesel que atingiu indiretamente corpos hídricos.
Data: 25/07/2001.

Local: Piraí do Sul.
Acidente: vazamento de óleo diesel atingindo corpos hídricos e nascentes, além de danificar florestas e o solo.
Data: 11/09/2001.

Local: Curitiba.
Dano ambiental: lançamento de efluentes líquidos tratados fora dos parâmetros do IAP e Conama.
Data: 16/10/2001.

Local: Lapa.
Acidente: vazamento de óleo diesel atingindo corpo hídrico.
Data 17/01/2002

Local: pátio da empresa.
Acidente: vazamento de óleo diesel.
Data: 28/05/2002.

Local: Estrada de Ferro, km 90.
Acidente: vazamento de óleo diesel contaminando o solo.
Data: 117/06/2003.

Local: Londrina.
Dano ambiental: depositar a céu aberto 300 toneladas de calcário sem autorização do IAP.
Data: 28/08/2003.

Local: trecho em Londrina e Ourinhos.
Acidente: lançamento irregular de óleo diesel.
Data: 14/10/2003.

Local: Morretes.
Acidente: derramamento de soja em grãos poluindo rios da Serra do Mar, deixando a água imprópria para consumo e destruindo a flora nativa.
Data: 12/05/2004.

Local: Estação de Alexandra
Acidente: A Estação de Alexandra, localizada no quilômetro 14 da ferrovia que liga Curitiba a Paranaguá, foi parcialmente destruída por uma locomotiva.
Data: 27/08/04.

Fonte: IAP

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