Depois de quatro dias de protestos na Ponte da Amizade, em Ciudad del Este, os motoristas de vans e taxistas paraguaios resolveram dar uma trégua. Eles vão esperar até o próximo dia 19, quando haverá uma reunião entre Brasil e Paraguai para discutir ações referentes à fronteira. Vão aproveitar a oportunidade para cobrar uma solução para a falta de empregos na região e exigir que a Receita Federal (RF) brasileira devolva os veículos apreendidos durante as ações de fiscalização. Ontem à tarde o transporte de mercadorias voltou ao normal.
Desde segunda-feira, mesmo os motoristas que não concordavam com o protesto foram forçados a cruzar os braços. Os manifestantes bloquearam parte da avenida que dá acesso à Ponte da Amizade no lado paraguaio e só deixavam passar carros de passeio. A manifestação terminou ontem, ao meio-dia, 1h no Brasil, e foi recebida com alívio por muita gente. "Já estava preocupado porque dependemos do dinheiro que ganhamos todos os dias", desabafou o taxista Benvindo Acosta, 43 anos.
A paralisação do transporte de mercadorias na região foi a forma que os motoristas acharam para protestar contra a falta de uma política do governo paraguaio para gerar empregos na região. Com a trégua do movimento, os motoristas voltaram a disputar os brasileiros que lotam as lojas em Ciudad del Este. No entanto, os taxistas estão mais cautelosos. "Se tem muita mercadoria a gente leva só até a aduana brasileira para não correr o risco de ter o carro apreendido", explica outra taxista, Eugenio Alderete, 54 anos.
Os motoristas também querem que o governo paraguaio negocie a devolução dos carros apreendidos pela RF durante as ações de fiscalização. Eles transportavam brasileiros com mercadorias ilegais. Mas o órgão afirma que só devolve por meio dos tramites legais, com abertura de processo administrativo ou através da Justiça.
Fila
Os caminhoneiros que estão parados no posto de fiscalização da RF devido à greve dos auditores fiscais receberam ontem ajuda da Prefeitura de Foz do Iguaçu e do Corpo de Bombeiros. Eles ganharam água e cestas básicas. Muita gente está lá há uma semana e os mantimentos já acabaram. Dos 15 fiscais que deveriam estar atuando na liberação das cargas que saem do País ou chegam do Paraguai e da Argentina, apenas cinco estão trabalhando. Cerca de 700 caminhões lotam o pátio do posto de fiscalização.