Esperança

Tratamento contra as drogas pode ser feito de graça

O caso do ex-modelo e morador de rua em Curitiba, Rafael Nunes, 31 anos, que teve grande repercussão nas redes sociais nos últimos dias, traz à tona um grave problema. Hoje são incontáveis os casos de mendigos que estão nas ruas pelos recorrentes problemas causados pelo uso de drogas.

Segundo a mãe do ex-modelo, Edit Silva, Rafael usa crack, maconha e cocaína desde os 17 anos. Foram diversas tentativas de internamento. “Tentamos várias vezes. Ele vai até uma altura, mas depois desiste. Tentamos em clínicas públicas e particulares, mas não teve jeito. Espero que ele possa voltar a viver normalmente e voltar a trabalhar como modelo”, diz.

No último sábado, Rafael foi transferido para uma clínica de reabilitação em Araçoiaba da Serra, no interior de São Paulo, onde será submetido a um tratamento especializado de cerca de oito meses. A clínica se dispôs a ajudar o jovem após tomar conhecimento da história pela internet.

Mas muitos dependentes não têm condições de bancar uma clínica de reabilitação particular. Para isso, a Fundação de Ação Social (FAS) e a Secretaria Municipal de Saúde colocam à disposição opções para moradores de rua e população de baixa renda. Os dois órgãos descartam a existência de filas para os atendimentos.

A psicóloga Adriane Wollmann, que faz parte do consultório de rua da Secretaria de Saúde, explica que o tratamento para dependentes químicos não está restrito à internação isolada do paciente. Hoje, existem seis Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em Curitiba, que atendem esse público, dando uma atenção especial para o tratamento do problema aliado à sua inserção na família, no trabalho e na comunidade. “Esse caso do Rafael retrata bem como os moradores de rua são vistos aos olhos da sociedade. Só teve a repercussão por ele ser bonito e ter olhos claros. O problema é recorrente de pessoas que rompem o vínculo familiar por causa das drogas e estão morando nas ruas”, explica Adriane.

É preciso vontade pra se recuperar

Tanto no CAPS quanto no atendimento feito pela FAS, os dependentes passam por avaliação médica e depois são encaminhados para as unidades de saúde e internamento integral ou em comunidades terapêuticas, de acordo com a necessidade de cada um. Nesses casos, para a recuperação plena, é importante a aceitação do paciente em querer se recuperar. “Depois do processo de desintoxicação, que dura de cinco a seis dias, e da avaliação médica, tem que haver o desejo do paciente. Sem isso fica impossível. Assim, o apoio familiar é essencial para a recuperação”, aponta Luciana Kusman, coordenadora do resgate social.

Efeitos são devastadores

No caso de Rafael Nunes, que é usuário de drogas há mais de dez anos, os danos à saúde já são visíveis. Encontrado por algumas equipes de reportagem e por populares, o morador de rua mostrava-se violento e falava coisas surreais. Ricardo Losso, assessor técnico e psiquiatra da Secretaria Municipal Antidrogas, explica que este é um dos efeitos devastadores do uso excessivo de drogas.

“Os danos causados podem ser físicos e psíquicos, especialmente quando o uso é prolongado. Pode estimular uma pessoa que tenha predisposição a psicoses, como a esquizofrenia, por exemplo, a manifestá-la. É comum a ocorrência de alterações psiquiátricas, neurológicas, cardiológicas, sendo que os danos podem ser muito difíceis de recuperar ou até mesmo serem irreversíveis”, detalha Losso.


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