Recém-reformado, o trapiche da praia de Brasília da Ilha do Mel, no Litoral do Paraná, voltou a colocar em risco o embarque e desembarque de turistas. No último domingo (30), véspera de réveillon e auge da temporada, parte da estrutura cedeu e deixou em pânico cerca de 20 pessoas que aguardavam a chegada das barcas. Apesar do susto, todas conseguiram retornar para a areia sem que ninguém caísse, mas horas depois uma idosa que se arriscou a atravessar a ponte resvalou e caiu na praia.
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O episódio é mais um da novela que põe em xeque a reforma no trapiche da praia de Brasília. Com dez aditivos no contrato – e um aumento de R$ 49,2 mil em relação ao custo inicial —, os trabalhos se arrastaram por mais de dois anos. Em outubro do ano passado, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) passou a acompanhar a situação depois de moradores pedirem a interdição da estrutura — que, com as chuvas, chegou a ficar completamente embaixo d’água.
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De acordo com a Associação dos Nativos da Ilha do Mel (Animpo), a situação do último domingo serviu para evidenciar a ainda frágil condição do trapiche. O caso foi por volta das 17h, quando quatro grupos de excursões distintas esperavam a chegada das barcas. Antes de os turistas embarcarem, uma parte da estrutura já perto da área de acesso às embarcações sucumbiu. Na hora, houve pânico, mas os turistas conseguiram voltar em segurança para a areia sem que ninguém se machucasse.
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“A estrutura não aguentou o peso, na verdade, e acabou cedendo. Teve a reforma, mas a parte em que aconteceu isso não foi mexida”, explicou o vice-presidente da Animpo, João Marcos Gonçalves Haluch. De acordo com a entidade, na noite do mesmo dia, uma idosa que passava pelo trapiche para acessar uma barca perdeu o equilíbrio ao passar pela parte danificada e caiu na praia. Por sorte, os ferimentos foram leves.
A prefeitura de Paranaguá, município ao qual pertence a Ilha do Mel, explicou que o problema foi em uma das peças metálicas de sustentação do trapiche. A causa teria sido a grande quantidade de pessoas que estavam em cima da rampa de acesso e, por isso, a ponte não suportou.
Em nota, a prefeitura disse ainda que durante o mês de dezembro o trapiche recebe obras de dragagem e retirada de areia na parte flutuante, para dar mais segurança aos usuários. Contudo, a administração do município ressaltou que a manutenção do trapiche é responsabilidade do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), órgão que gerenciou os reparos no local.
Segundo o IAP, a estrutura que cedeu não faz parte das obras de dragagem, embora não apresentasse danos quando foram realizadas as últimas obras. “Em razão da proximidade das festividades de final de ano, ocorreu o aumento de carga e descarga de produtos com peso superior que o trapiche suporta, e com o acúmulo de pessoas em cima do trapiche, a estrutura veio a ceder”, explica o instituto em nota.
Já a Capitania dos Portos do Paraná (CPPR) afirma ter feito uma inspeção no trapiche em 31 de dezembro — no dia seguinte ao acidente — e constatou a má conservação da estrutura, notificando o proprietário para que o reparo seja providenciado.
Moradores improvisam
No entanto, por causa do fluxo constante de turistas, os próprios moradores da ilha se uniram para fazer um reparo paliativo no local, com estacas de árvore de eucalipto. “A gente passou o ano inteiro brigando pela reforma e quando veio foi uma reforma mal feita. Tanto que o serviço mal terminou e já começou a dar problema. Mas para todos aqui parece que vai ter que morrer alguém para eles fazerem alguma coisa. Sem isso, vai ser complicado”, observou João Marcos Gonçalves Haluch.
A CPPR pede ainda que a própria população ajude na fiscalização, encaminhando denúncias para o Disque-Segurança da Navegação pelo telefone (41) 3721-1542 ou pelo email faleconosco.cppr@marinha.mil.br.
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