Transtorno mental não é incapacitante

?Às vezes me chamam de louca e isso piora cada vez mais minha doença.? A afirmação é de Alexandrina Borges Araújo, que tem depressão e freqüenta uma das unidades dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) de Curitiba. Segundo ela, existe muito preconceito da sociedade em relação aos transtornos mentais, o que faz com que os portadores tenham dificuldades para garantir a qualidade de vida.

Para mostrar o que essas pessoas são capazes de fazer, uma ?grande vitrine? foi montada ontem no centro da capital. Pacientes de diversos programas de saúde mental reuniram trabalhos manuais e apresentaram peças de teatro e música. As atividades serviram para marcar o Dia Mundial da Saúde Mental.

De acordo com coordenadora de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Cristiane Venetikides, cerca de 50 mil pessoas estão em tratamento em Curitiba, sendo que a incidência na população mundial de transtornos mentais é de 12%, chegando a 15% para dependência química. Por serem considerados crônicos, os transtornos mentais não têm cura, e com a reforma psiquiátrica, que entrou em vigor há cerca de oito anos, a forma de enxergar a doença se modificou.

Ao invés do internamento e apenas tratamento dos sintomas, os pacientes são inseridos em atividades para o resgate da sua capacidade emocional e produtiva. De acordo Cristiane, a capital conta com uma rede de serviços voltados para os transtornos mentais. ?Todos os trabalhos envolvem reabilitação e inserção, já que o principal eixo da reforma psiquiátrica é garantir os direitos das pessoas?, disse.

Entre os enfoques das atividades com os pacientes está a capacitação para o processo de geração de renda, como a Coopermassa, uma cooperativa que produz pizzas e outras massas, e um grupo de hortifrutigranjeiros que já abastece restaurantes da cidade.

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