A espera por um transplante é uma angústia para 4.613 pessoas no Paraná. Esse número, porém, poderia ser menor.
A médica coordenadora de Captação de Órgãos da Santa Casa de Curitiba, Ana Cláudia Dambiski, afirma que o total de pessoas que têm morte encefálica daria para resolver o problema da fila.
Contudo, ele diz que faltam profissionais preparados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para diagnosticar os possíveis doadores e famílias com desprendimento suficiente para ajudar outras pessoas.
O assunto foi discutido ontem por médicos, enfermeiros e pacientes do Hospital Santa Casa.
A entidade é a que mais realizou transplantes de coração em adultos no País. Em 2007, foram 27 atendidos. A médica disse que a idéia do encontro é desmistificar o transplante, mostrar pacientes que já passaram pelo procedimento e discutir a necessidade de quem ainda vive este drama.
Dambiski explica que a dor pela perda de um parente é intensa, e as pessoas têm dificuldade para aceitar a morte e fazer a doação. Existe ainda o medo de que os órgãos tenham sido retirados enquanto pessoa ainda tinha chance de vida.
Mas a médcia explica que os exames para diagnosticar a morte encefálica são realizados por dois profissionais, além de testes clínicos e de imagem. A assistente social da Central de Transplantes, Glaucia Repula, diz que estão sendo realizados cursos para preparar os profissionais, a fim de aumentar as doações. Segundo ela, 2007 registrou aumentou de 38% no número de cirurgias.
João Toso, 66 anos, já passou pela fila e conhece esse drama. Como a sua cirurgia era de urgência, ficou apenas 75 dias esperando. Ganhou o coração de um jovem de 15 anos. As famílias se visitam com freqüência e a mãe do garoto, de 39 anos, o considera seu ?filho mais velho?.