Segundo a diretora da Central Estadual de Transplantes, Arlene Badoch, o aumento nos transplantes nos dois últimos anos deve-se principalmente às capacitações permanentes dos profissionais que integram as Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT).
Ela também atribui a variação à melhoria na captação e no transporte dos órgãos e à criação e aperfeiçoamento das Comissões de Procura de Órgãos e Tecidos para Transplantes (COPOTT), localizadas em Londrina, Maringá e Cascavel.
Arlene ressalta, no entanto, que sem doação não há transplante. “Também houve um aumento significativo no número de famílias dispostas a doar os órgãos de seus familiares”, explica. “A população tem demonstrado cada vez mais confiança no trabalho sério e transparente que a Central de Transplantes desenvolve em conjunto com os demais profissionais envolvidos em todo o processo”, conta a diretora.
Balanço
No último ano também aumentaram os números de transplantes hepáticos. Foram 100 transplantes de fígado com doadores falecidos (45% de aumento em relação a 2011 e 97% em relação a 2010), sendo que cinco deles foram transplantes conjugados (rim e fígado) e um split (quando um fígado doado é dividido e pode beneficiar dois transplantados).
Os transplantes de coração também tiveram aumento de 45% em relação ao ano anterior e de 73% em relação ao ano de 2010, passando de 15 em 2010, 18 em 2011 para 23 em 2012.
Alessandro Peterson Morelli foi contemplado com o transplante de coração no dia 20 de novembro de 2012. Ele estava internado em estado grave na UTI de um hospital de Ponta Grossa e assim que a família soube através da Central de Transplantes que haviam doado um coração, ele foi transferido para Santa Casa de Curitiba.
O órgão foi doado por familiares de um rapaz de 26 anos e transportado pela aeronave do governo de Londrina para Curitiba. “Foi um alívio, pois o tratamento a que era submetido só garantia quatro dias de vida e só viveria mais se fizesse o transplante”, disse Alessandro, que ainda está em processo de recuperação e já divulga nas redes sociais a importância da doação de órgãos.
Córneas
Adão da Silva, 65 anos, morador de Araranguá, extremo sul de Santa Catarina, resgatou a autonomia e o convívio social, quando passou pelo transplante de córnea no Hospital de Olhos de Curitiba. O procedimento só foi possível porque a sobrinha dele, Vanessa Miranda Silva, descobriu pela imprensa que a fila de córneas no Paraná estava zerada e entrou em contato com o hospital.
“Consegui agendar a consulta com o especialista para a semana seguinte e o transplante foi realizado 15 dias depois. Fiquei admirada com a rapidez e qualidade do serviço prestado pelo SUS”, disse Vanessa. Adão continua sendo acompanhado pela equipe do hospital e quando o tratamento acabar poderá recuperar 100% da visão do olho direito.
Também no ano passado o Paraná cedeu para outros estados 17 rins de doadores falecidos devido à ausência de compatibilidade com os receptores do Paraná. “Para que o transplante renal ocorra deve haver compatibilidade de HLA (Antígenos de Histocompatibilidade Humano), além da compatibilidade sanguínea”, ressalta a diretora da Central de Transplantes.
Como funciona a logística da doação de órgãos:
1 – Ao ser diagnosticada a morte encefálica do paciente no hospital e a família ter autorizado a doação, a Central de Transplantes é notificada sobre a existência de um possível doador.
2 – A central emite, por meio de um sistema informatizado, a listagem de potenciais receptores (fila de espera) e mobiliza uma equipe médica especializada para a retirada dos órgãos.
3 – Se a retirada ocorrer em cidade diferente de onde está a equipe médica a Central de Transplantes articula a organização do transporte aéreo.
4 – No local da captação, a equipe especializada retira os órgãos e informa a Central de Transplantes que direciona o transporte aéreo ou terrestre para o local onde o transplante será realizado.
Todo este processo deve ser feito no menor tempo possível, pois entre a retirada do órgão do doador e o transplante propriamente dito, em alguns casos, não pode ultrapassar quatro horas, como por exemplo, no transplante de coração.
Transplantes de órgãos 2010 – 2011 – 2012
Coração: 15 – 18 – 26
Fígado (doador falecido): 47 – 64 – 100
Rins (doador falecido): 116 – 193 – 276
Pâncreas: 5 – 25 – 18