O balanço anual finalizado na última terça-feira (08/01) pela Secretaria da Saúde aponta aumento de 130% no número de transplantes de órgãos (rim, coração, fígado e pâncreas) no ano passado em relação a 2010. Sobre 2011, houve 40% de crescimento neste tipo de procedimento. Segundo dados da Central Estadual de Transplantes, foram realizados 420 transplantes em 2012; 300 em 2011; e 183 em 2010.
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Segundo a diretora da Central Estadual de Transplantes, Arlene Badoch, o aumento nos transplantes nos dois últimos anos deve-se principalmente às capacitações permanentes dos profissionais que integram as Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT).

Ela também atribui a variação à melhoria na captação e no transporte dos órgãos e à criação e aperfeiçoamento das Comissões de Procura de Órgãos e Tecidos para Transplantes (COPOTT), localizadas em Londrina, Maringá e Cascavel.

Arlene ressalta, no entanto, que sem doação não há transplante. “Também houve um aumento significativo no número de famílias dispostas a doar os órgãos de seus familiares”, explica. “A população tem demonstrado cada vez mais confiança no trabalho sério e transparente que a Central de Transplantes desenvolve em conjunto com os demais profissionais envolvidos em todo o processo”, conta a diretora.

Balanço

Em 2012 foram realizados 276 transplantes de rins provenientes de doadores falecidos, enquanto em 2011 foram 193 e 116 em 2010. Nesta área, houve um crescimento de 43% em relação a transplantes realizados em 2011 e 138% em relação a 2010. “Há 13 anos o número de doadores falecidos não ultrapassava o número de rins transplantados oriundos de doadores vivos”, enfatiza Arlene. No ano passado, foram realizados 173 transplantes de rins com doadores vivos, contra 215 em 2011 e 184 em 2010.
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No último ano também aumentaram os números de transplantes hepáticos. Foram 100 transplantes de fígado com doadores falecidos (45% de aumento em relação a 2011 e 97% em relação a 2010), sendo que cinco deles foram transplantes conjugados (rim e fígado) e um split (quando um fígado doado é dividido e pode beneficiar dois transplantados).

Os transplantes de coração também tiveram aumento de 45% em relação ao ano anterior e de 73% em relação ao ano de 2010, passando de 15 em 2010, 18 em 2011 para 23 em 2012.

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Alessandro Peterson Morelli foi contemplado com o transplante de coração no dia 20 de novembro de 2012. Ele estava internado em estado grave na UTI de um hospital de Ponta Grossa e assim que a família soube através da Central de Transplantes que haviam doado um coração, ele foi transferido para Santa Casa de Curitiba.

O órgão foi doado por familiares de um rapaz de 26 anos e transportado pela aeronave do governo de Londrina para Curitiba. “Foi um alívio, pois o tratamento a que era submetido só garantia quatro dias de vida e só viveria mais se fizesse o transplante”, disse Alessandro, que ainda está em processo de recuperação e já divulga nas redes sociais a importância da doação de órgãos.

Córneas

As filas para transplante de córnea estão zeradas no Estado. Em Curitiba e Região Metropolitana a fila foi zerada em 2011 e no interior do Estado no primeiro semestre de 2012. No ano passado foram realizados 1007 transplantes de córneas no Paraná e outras 798 córneas foram cedidas para outros estados do país. “Só não transplantamos mais porque não tínhamos mais pacientes com indicativo de transplante para córnea na lista de espera”, destaca Arlene.

Adão da Silva, 65 anos, morador de Araranguá, extremo sul de Santa Catarina, resgatou a autonomia e o convívio social, quando passou pelo transplante de córnea no Hospital de Olhos de Curitiba. O procedimento só foi possível porque a sobrinha dele, Vanessa Miranda Silva, descobriu pela imprensa que a fila de córneas no Paraná estava zerada e entrou em contato com o hospital.

“Consegui agendar a consulta com o especialista para a semana seguinte e o transplante foi realizado 15 dias depois. Fiquei admirada com a rapidez e qualidade do serviço prestado pelo SUS”, disse Vanessa. Adão continua sendo acompanhado pela equipe do hospital e quando o tratamento acabar poderá recuperar 100% da visão do olho direito.

Também no ano passado o Paraná cedeu para outros estados 17 rins de doadores falecidos devido à ausência de compatibilidade com os receptores do Paraná. “Para que o transplante renal ocorra deve haver compatibilidade de HLA (Antígenos de Histocompatibilidade Humano), além da compatibilidade sanguínea”, ressalta a diretora da Central de Transplantes.

 

Transporte aéreo
Somente em 2012 foram realizados 64 transportes de órgãos com as aeronaves do Governo do Estado. “Essa parceria faz toda a diferença na qualidade e no tempo dos transplantes”, reforça Arlene. Além disso, as aeronaves transportaram 78 pacientes, o que corresponde ao aumento de 243% em relação a 2011, quando foram transportados 23 pacientes.

Como funciona a logística da doação de órgãos:

1 – Ao ser diagnosticada a morte encefálica do paciente no hospital e a família ter autorizado a doação, a Central de Transplantes é notificada sobre a existência de um possível doador.

2 – A central emite, por meio de um sistema informatizado, a listagem de potenciais receptores (fila de espera) e mobiliza uma equipe médica especializada para a retirada dos órgãos.

3 – Se a retirada ocorrer em cidade diferente de onde está a equipe médica a Central de Transplantes articula a organização do transporte aéreo.

4 – No local da captação, a equipe especializada retira os órgãos e informa a Central de Transplantes que direciona o transporte aéreo ou terrestre para o local onde o transplante será realizado.

Todo este processo deve ser feito no menor tempo possível, pois entre a retirada do órgão do doador e o transplante propriamente dito, em alguns casos, não pode ultrapassar quatro horas, como por exemplo, no transplante de coração.

Transplantes de órgãos 2010 – 2011 – 2012

Coração: 15 – 18 – 26

Fígado (doador falecido): 47 – 64 – 100

Rins (doador falecido): 116 – 193 – 276

Pâncreas: 5 – 25 – 18