Trânsito de Curitiba precisa de alternativas

Com uma população de aproximadamente 1,7 milhão, Curitiba possui quase um milhão de veículos, o que a torna a capital com maior índice de veículos por habitante. E as ruas da cidade parecem não comportar esse número excessivo, principalmente nos "horários de pico". No almoço e no final da tarde, quando as pessoas estão se deslocando do trabalho para a casa, Curitiba já registra congestionamentos dignos de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

A primeira mudança para enfrentar os transtornos causados pela grande quantidade de carros na cidade seria a conscientização dos condutores.

Segundo o assessor militar do Detran-PR, major Júlio Nóbrega, "Curitiba já é uma grande metrópole, mas o curitibano ainda não se acostumou com isso e, por esse motivo, ainda se irrita com o trânsito".

Para ele, o carioca e o paulistano já incorporaram o congestionamento como algo corriqueiro em suas vidas. E, por outro lado, seria muito difícil tentar mudar a mentalidade dos motoristas que já circulam pela cidade há alguns anos. Por isso, o major acredita que, nesses casos, a melhor estratégia é a fiscalização, com a realização de blitz e até a aplicação de multas. Já com os novos motoristas, ele acredita que deveria ser feito um trabalho de formação, para que eles já se condicionem a dirigir em um trânsito complicado.

Esse também é o pensamento do presidente da Urbs, Paulo Schmidt. Pare ele, o motorista tem de ter a consciência da importância de se obedecer a lei. "O condutor tem que entender que, se ele parar em fila dupla por um minuto, pode estar causando um grande congestionamento lá atrás", explica. Para Schmidt, quem faz a diferença é o motorista, já que estado e município não têm como fiscalizar e autuar todas as infrações.

O presidente da Urbs reconheceu que o sistema viário não acompanha o crescimento do número de veículos e indicou que é preciso se buscar alternativas. Para ele, em pouco tempo, Curitiba precisará de medidas que restrinjam o uso do automóvel, como o pedágio urbano, já adotado em Londres, capital inglesa, ou o rodízio, nos moldes do que é feito em São Paulo.

Por enquanto, a estratégia no município é incentivar, cada vez mais, o uso do transporte coletivo. Apesar da numerosa frota, o curitibano também é um dos que mais usa o ônibus. Enquanto a média das demais capitais é de 30%, a média de Curitiba, segundo dados da própria Urbs, é de mais de 40%. "É o momento de se discutir alternativas e de se entender que nunca teremos espaço suficiente para o carro", completou Paulo Schmidt.

Paraná tem quarta maior frota do Brasil

O Paraná tem a quarta maior frota de veículos do País. De acordo com o relatório publicado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o Estado possuía, em agosto deste ano, 3.396.532 veículos, ficando atrás apenas de São Paulo (mais de 13 milhões), Minas Gerais (cerca de 4,3 milhões) e Rio Grande do Sul (3,4 milhões).

Um ponto interessante desse relatório é o fato de o Rio de Janeiro, que tem cerca de 5 milhões de habitantes a mais que o Paraná, possuir menos veículos, 3.131.017. O Estado possui mais de 2 milhões de carros e cerca de 450 mil motos. É do Paraná também, uma das frotas mais novas. Ao todo, circulam 366.974 veículos fabricados entre 2004 e 2005. Neste ponto, só fica atrás de São Paulo (1.165.757) e Minas Gerais (389.370). No entanto, se comparado à frota total, o número de carros novos no Paraná chega a 10,8%, contra 8,4% dos paulistas e 9% dos mineiros.

Para o assessor do Detran-PR, major Júlio Nóbrega, a única explicação para essa renovação da frota paranaense é a prosperidade do Estado, com o crescimento do poder aquisitivo de seus moradores. Esses números têm reflexos tanto positivos quanto negativos nos índices de acidentes registrados pelo próprio Denatran. Se, por um lado, o excessivo número de veículos influencia para que o Paraná seja o segundo estado com maior número de acidentes com vítimas (28.529 no último anuário, em 2002), por outro, o fato de a frota estar sempre sendo renovada contribui para a segurança, e ajuda a reduzir o número de mortes em acidentes (1.501, de acordo com o mesmo anuário).

O major também explica que o Paraná possui um eficiente sistema de levantamento de acidentes. Ele não sabe se, nos outros estados, o levantamento é tão completo, o que pode apresentar distorções nos números.

Crescem os acidentes com motos

O preço mais acessível e o aumento das ofertas de serviços de motoboy têm contribuído para o crescimento nas vendas de motocicletas. A frota paranaense já chegou à marca de meio milhão, entre motocicletas e motonetas.

Com esse aumento, cresce também o número de acidentes envolvendo motociclistas. Segundo dados do Detran, no primeiro semestre deste ano, quase metade dos 18.881 acidentes com vítimas envolveu motos.

O major Júlio Nóbrega lembra que, no código de trânsito antigo, o motociclista tinha as mesmas responsabilidades de um motorista de automóvel, tendo que andar atrás dos carros e respeitar as faixas. Agora, com o novo código, que entrou em vigor em 1998, tal obrigação foi retirada e o que se vê são motos "rasgando" o trânsito para ganhar tempo, mas aumentando o risco de acidentes.

O presidente do Sindicato dos Motoboys de Curitiba e Região Metropolitana, Titto Mori, explica que a pressa é do cliente, que "quer comer a pizza quentinha, ou quer que um documento seja entregue em minutos", mas acredita que, mesmo assim, não é necessário infringir as leis de trânsito para realizar um bom serviço.

Na Grande Curitiba, existem 16 mil motoboys registrados.

O preço mais acessível e o aumento das ofertas de serviços de motoboy têm contribuído para o crescimento nas vendas de motocicletas. A frota paranaense já chegou à marca de meio milhão, entre motocicletas e motonetas.

Com esse aumento, cresce também o número de acidentes envolvendo motociclistas. Segundo dados do Detran, no primeiro semestre deste ano, quase metade dos 18.881 acidentes com vítimas envolveu motos.

O major Júlio Nóbrega lembra que, no código de trânsito antigo, o motociclista tinha as mesmas responsabilidades de um motorista de automóvel, tendo que andar atrás dos carros e respeitar as faixas. Agora, com o novo código, que entrou em vigor em 1998, tal obrigação foi retirada e o que se vê são motos "rasgando" o trânsito para ganhar tempo, mas aumentando o risco de acidentes.

O presidente do Sindicato dos Motoboys de Curitiba e Região Metropolitana, Titto Mori, explica que a pressa é do cliente, que "quer comer a pizza quentinha, ou quer que um documento seja entregue em minutos", mas acredita que, mesmo assim, não é necessário infringir as leis de trânsito para realizar um bom serviço.

Na Grande Curitiba, existem 16 mil motoboys registrados.

Motorista curitibano dirige sozinho

Outra forma de se tentar diminuir os transtornos do trânsito é criar o hábito da carona. O coordenador do Programa de Qualidade de Vida da Universidade Federal do Paraná (UFPR), José Carlos Assunção Belotto, orientou uma pesquisa que constatou que 70% dos automóveis que chegavam aos campi da UFPR, eram ocupados por apenas uma pessoa. "É um dado preocupante. Se entre as pessoas que se deslocam, diariamente, para um mesmo local não há a prática da carona, dificilmente deve haver tal prática no restante da cidade".

Para estimular a carona, o programa está desenvolvendo um software que irá cruzar endereços, destinos e horários dos alunos da universidade interessados em receber ou oferecer carona. Belotto lembra que a comunidade universitária é formadora de opinião e que, ao introduzir essa mentalidade nas 40 mil pessoas envolvidas com a UFPR, conseguirá, aos poucos, multiplicar essa cultura.

O presidente da Urbs também concorda com a criação de uma cultura de caronas. "Os funcionários de uma mesma empresa podem criar um revezamento, que além de ajudar o trânsito, lhes proporcionaria uma maior economia", sugere Schmidt.

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