Trânsito, a principal causa das mortes entre crianças

Cerca de sete mil crianças morrem por ano no Brasil vítimas de acidentes. Em Curitiba, 40% das mortes acidentais de crianças têm como causa os atropelamentos, e 18% das vítimas entre um a quatro anos morrem em acidentes de automóvel. Cinqüenta crianças que morreram no ano de 2000. Cerca de duzentas sobreviventes precisaram de algum tipo de apoio em função de conseqüências e seqüelas dos acidentes.

A neuropediatra Lúcia Helena Coutinho dos Santos pesquisou acidentes que ocorreram desde a década de 80 até o ano de 2000 e concluiu que as causas externas – atropelamentos, quedas e colisões – são os principais fatores de mortes na faixa etária entre um e dezenove anos. Com a implantação do Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma (Siate) houve uma redução nas mortes, disse Lúcia Helena, “porém o sistema ainda está longe do ideal, pois tem limitações no atendimento.”

Ela comentou ainda que o novo Código de Trânsito Brasileiro teve um impacto pequeno na redução de acidentes. “São mortes evitáveis. As que sobrevivem ficam com seqüelas neurológicas sérias e muitas ficam dependentes de órteses e próteses”, explicou a médica.

Exemplo

Vanessa dos Santos Kucal, de 7 anos, teve sua vida transformada, há cerca de um mês, depois de ser atropelada por uma moto no bairro Pilarzinho, em Curitiba. Ela brincava com outras crianças, enquanto a mãe conversava com uma amiga na rua. Quando Vanessa resolveu atravessar a via, foi atingida por uma moto que descia em alta velocidade. Depois de passar doze dias internada na unidade de terapia intensiva, Vanessa deixou o hospital e hoje não fala e não anda. A avó da menina, Davina Kucal, disse que ela chora o dia inteiro e, mesmo com fisioterapia, não conseguiu recuperar os movimentos. “A gente não sabe como será a vida dela a partir de agora. A mãe dela é diarista e nós não temos dinheiro para fazer um tratamento melhor”, analisou Davina.

Imprudência

Para a coordenadora da organização não-governamental Criança Segura, Alessandra Françóia, 90% dos acidentes podem ser evitados. Basta haver maior conscientização dos motoristas e pais. A organização desenvolve projetos no sentido de reduzir os acidentes envolvendo crianças. Um deles é o Criança Segura no Carro, que promove orientações para os pais em concessionárias de veículos sobre o uso adequado da cadeirinha para transportar as crianças. “Em um primeiro trabalho, identificamos que 80% das cadeirinhas não tinham certificação de qualidade e estavam impróprias para o uso. Hoje, 70% dos equipamentos já estão certificados”, disse Alessandra.

Outra iniciativa é a Criança Segura Pedestre, que procura conscientizar alunos de primeira a quarta séries sobre os cuidados que eles devem ter em relação ao trânsito. Apesar de não ter resultados oficiais, comenta a coordenadora da ONG, só em uma escola já foi possível zerar, em um ano, os casos de atropelamentos próximo ao estabelecimento. Já o Criança Segura nas creches visa capacitar educadores e funcionários para tratar a criança de forma adequada, evitando o risco de acidentes.

Entre os cuidados que devem ser tomados para diminuir ocorrências envolvendo crianças, alerta Alessandra Françóia, está a redução de velocidade próximo das escolas e uso adequado de cadeirinhas, de acordo com peso e tamanho da criança. Já em casa, não deixar que a criança entre na cozinha, pois nesse local existem muitos riscos de acidentes envolvendo queimaduras, cortes e intoxicação.

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