Tranqüilidade de chácaras ameaçada pelos bandidos

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Alvo: chácaras na Região Metropolitana de Curitiba.

A tranqüilidade de quem mora em propriedades mais distantes dos centros urbanos está ameaçada. As chácaras estão se tornando um alvo fácil para os bandidos. Com a chegada do final do ano, aumentam também os casos de roubos de animais dentro das propriedades, que são utilizados para "festinhas" particulares. Nas comunidades rurais não há quem não saiba relatar uma história semelhante.

O casal Ana e Bento Bellani passaram por momentos de tensão no último mês de novembro. Cinco pessoas armadas invadiram a chácara do casal, que fica em Imbuial, na área rural do município de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. O fato aconteceu por volta das 18h. Ana conta que os assaltantes passaram diversas vezes em frente à propriedade em um veículo Gol – que havia sido roubado em um supermercado na capital – antes de invadirem a propriedade. Dois homens pularam as grades da frente da residência e obrigaram Bento a abrir o portão para recolher o carro com os outros bandidos.

Os assaltantes renderam 16 pessoas, das quais, cinco crianças. Ana Bellani afirma que os homens exigiam armas e dinheiro, e em função da negativa, começaram a roubar objetos como roupas, celulares e aparelhos eletrônicos. "Eles perguntavam quanto valia cada objeto, inclusive as roupas", comentou Bento.

A ação durou cerca de 1h30 e, quando os bandidos se preparavam para fugir, uma viatura da Polícia Militar passou em frente à casa. "Um dos homens gritou "sujou’, e todos saíram correndo pelos fundos da chácara, se embrenhando em um matagal", conta Ana. Os assaltantes conseguiram fugir levando alguns aparelhos celulares e outros pequenos objetos. Bento estima que o prejuízo com o assalto passou de R$ 3 mil.

Mais casos

Já passava das 18h quando os funcionários de um pesque-pague, em Bocaiúva do Sul, se preparavam para encerrar o expediente, quando três supostos clientes entraram a pé no estabelecimento. Depois de perceber que não havia outros fregueses no local, deram voz de assalto levando todo o dinheiro do caixa e fugindo com um carro que estava no estacionamento. A atendente Lilian Paula Taverna, que trabalhava no pesque-pague, lembra que os homens estavam muito nervosos, mas mesmo assim, ameaçavam ferir as vítimas – incluindo cinco crianças. O fato aconteceu há pouco mais de seis meses.

Oito pessoas que participavam de uma confraternização em uma chácara em Tijucas do Sul, também foram vítimas de assaltantes. O grupo foi surpreendido por três marginais que invadiram o local armados e encapuzados, enquanto outros dois comparsas permaneceram do lado de fora da residência, dando cobertura. Durante as cinco horas como reféns, os amigos foram amarrados, agredidos e o promotor de Justiça de São José dos Pinhais, Carlos Leprevost, foi torturado. Após recolherem objetos de valor e dinheiro das vítimas, os reféns foram colocados juntos, amarrados dentro de um cômodo da casa, e tiveram que presenciar os marginais despejando gasolina e ouvir as ameaças de que todos morreriam queimados. Por decisão de um dos marginais, o fogo não foi iniciado. O fato aconteceu no mês de julho.

Ocorrências sem registro

Muitas dessas ocorrências nem são registradas na polícia. É o que afirma o superintendente da delegacia do Alto Maracanã, Job de Freitas, para justificar que não existem estatísticas na região sobre os casos envolvendo chácaras. "Muitas vezes quando eles registram a ocorrência não citam que se trata de uma propriedade rural, por isso não fica tipificado", falou.

Job de Freitas lamenta que muitas pessoas não acreditam no trabalho da polícia e acabam não registrando os casos. "Se vierem aqui e trouxeram as características dos criminosos, a gente vai investigar", disse.

Para Bento Bellani, a ineficiência da polícia está relacionada a falta de estrutura. "A polícia não tem carro para percorrer a região e por isso ficamos desprotegidos", afirmou, acrescentando que depois do assalto instalou cerca elétrica nas grades da propriedade. Bento conta que veio do Rio Grande do Sul para o Paraná há trinta anos em busca da tranqüilidade da região, mas agora lamenta a situação. "A gente até dormia com as portas destrancadas e nunca tivemos problemas. Mas agora, vivemos em constante tensão", declarou. (RO)

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