As festas são sinônimos do mês de junho. As homenagens para Santo Antônio, São João e São Pedro animam igrejas, escolas e outros eventos em todo o Brasil. Mas o propósito das festas juninas foram se perdendo conforme o passar do tempo. Muitas crianças e adultos participam das comemorações, mas não sabem os significados e as tradições envolvidas nestas datas.
Para a socióloga Olga Mattar, o aumento da população nas grandes cidades é um fator decisivo para o enfraquecimento da tradição das festas juninas no País. Ela acredita que somente as cidades do interior, especialmente as pequenas, ainda conservam as características antigas das comemorações. ?Vários rituais foram se perdendo, como o pau-de-fita, quando as meninas dançavam e iam trançando as fitas em uma coreografia; o pau-de-sebo; o tocador de gaita; e a própria fogueira. Depois que a madeira queimasse, as pessoas andavam sobre a brasa?, afirma.
Outros aspectos regionais e atividades mais modernas foram introduzidos aos poucos nas festas. Ela cita como exemplo a brincadeira da pescaria, uma das favoritas em uma festa junina. ?As crianças não conhecem o significado religioso das festas. Gostam pela expectativa das brincadeiras, das comidas típicas e das danças caipiras. As tradições foram mudando, como a entrada dessas festas no mês de julho, inclusive se chamando festas julinas?, revela Olga.
A socióloga acredita que a Igreja e as escolas (essas sem reforçar a parte religiosa) são os setores que conseguem manter as festas juninas vivas no hábito da população brasileira. Nas escolas municipais de Curitiba, as crianças aprendem na sala de aula a importância das festas na cultura brasileira e como elas se desenvolveram, segundo a professora Maria Leonor Nunez, gerente pedagógica do departamento de ensino fundamental da Secretaria Municipal de Educação. Depois observam na prática, durante as festas, o que viram anteriormente. As comemorações ficam à cargo das próprias escolas e podem ser abertas à comunidade ou feitas somente para os alunos.
Cultuar Santo Antônio e participar das festas em sua homenagem na Igreja Bom Jesus, no centro de Curitiba, é uma das principais tradições do povo curitibano nesta época. A paróquia oferece amanhã e segunda-feira um bolo de 4,5 mil quilos com cinco mil imagens do santo para um público esperado de 50 mil pessoas. O frei Clemente Kesselmeier explica que a igreja está promovendo a trezena, período de 13 dias a partir de 1.º de junho, no qual há pregação e meditação em três missas diárias para o santo, além da distribuição de 15 mil pãezinhos como símbolo da partilha. Para ele, o curitibano ainda demonstra e vive a tradição das festividades juninas. Exemplo disso é a lotação de todas as missas realizadas durante a trezena. Neste fim de semana, também haverá a celebração para os namorados, barracas de comes e bebes e a venda de lírios, que representam a busca pela transparência.