A Avenida Manoel Ribas, no bairro italiano de Santa Felicidade, em Curitiba, foi palco, ontem, de mais uma edição da tradicional Corrida dos Garçons. A disputa reuniu mais de duzentos participantes. O evento acontece anualmente, desde 1980, em comemoração ao Dia do Garçom (11 de agosto).
A competição foi a grande atração do dia para os moradores do bairro e funcionários dos restaurantes próximos. Dezenas de pessoas pararam para ver os participantes tentando alcançar a linha de chegada sem derrubar nenhuma das duas garrafas de cerveja carregadas sobre uma bandeja. Eles tiveram que realizar um percurso de cem metros.
Ao todo, 250 garçons participaram da corrida, em quatro categorias: feminina, masculina até 30 anos de idade, masculina entre 31 e 45 anos e veteranos (homens acima de 46 anos). “Muitos garçons já são considerados corredores profissionais”, conta o diretor-presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares de Curitiba e Região Metropolitana, João José Gonçalves. “Alguns levam a corrida bastante a sério: treinam em casa e trazem torcida”, completa.
Segundo Gonçalves, o evento não serve apenas para mostrar a habilidade dos garçons, mas também para fazer com que eles façam novos amigos e revejam velhos conhecidos. “É uma grande confraternização, que proporciona a união da categoria”, define. Os primeiros lugares de cada categoria receberam, em ordem de colocação, televisor de 14 polegadas, equipamento de som com CD e telefone celular, além de medalhas de participação. Após a competição, os concorrentes participaram de um almoço de confraternização no restaurante de um clube de Curitiba.
Favoritos
Como toda competição esportiva que se preze, a corrida dos Garçons tem seus “atletas” favoritos. São profissionais que, por terem vencido a prova em anos anteriores, ganharam o respeito dos colegas e a simpatia dos clientes.
É o caso do garçom Francisco Carlos da Silva, de 48 anos, que trabalha na churrascaria Espeto de Ouro. No ano passado, ele conquistou o primeiro lugar na categoria dos veteranos. “O dia-a-dia de trabalho fez com que eu adquirisse habilidade”, explicou. “Para ganhar, é preciso ter muita segurança, firmeza no braço e autoconfiança.”
Edir Rodrigo Ribeiro, 23, garçom da churrascaria Torres, ficou entre os primeiros colocados na categoria até 30 anos, em 2001. Ele disse que treinou para a edição do ano passado. “Este ano não tive tempo. O importante é manter a calma e a concentração”, ensina. De acordo com ele, ganhar a corrida faz com que se tenha maior prestígio junto aos patrões, colegas e clientes.
Já o garçom Sebastião Bento Leite, 32, que no ano passado venceu a categoria de 30 a 45 anos, saiu de Matinhos para participar da prova. Ele trabalha no restaurante Sacura. “O patrão me deu folga e até uma ajuda de custo para que eu pudesse participar”, revela. Alguns colegas, animados com a vitória dele no ano passado, também assistiram a corrida.
O corredor mais velho do evento, Neocrides de Brito, 72, garçom do Toscana, que também ficou entre os primeiros no ano passado, foi alvo da admiração dos mais novos. Ele conta que já correu diversas vezes, até mesmo em outras cidades. “Enquanto tiver fôlego, vou continuar participando”, promete.
Feminino
Entre as mulheres, um dos destaques foi a ex-garçonete e auxiliar de cozinha do restaurante Sun Red, Maria Aparecida Frei, 41. Na corrida de 2001, ela ficou em primeiro lugar. “Participar é muito divertido”, afirma. Apesar de achar que as mulheres têm menos equilíbrio que os homens, ela lembra que a categoria feminina é mais fácil, pois o número de competidoras é menor. Dos 250 competidores deste ano, apenas 36 eram mulheres.