Em época de incertezas no setor energético, com a possibilidade do apagão ainda viva na memória dos brasileiros, o pesquisador e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Nathan Mendes, propõe uma economia de energia de até 75% em construções novas. A redução no consumo está explicada no trabalho Desenvolvimento de Modelos Matemáticos e de Ferramentas Computacionais para Uso Racional de Energia Elétrica, que garantiu a Nathan o 2.º lugar na 18.ª edição do Prêmio Jovem Cientista 2002, na categoria graduados.
O trabalho do professor aborda a transferência de calor e massa aplicado em sistemas térmicos, visando reduzir o consumo de energia por meio do desenvolvimento de programas de simulação termoenergética. Embora a descrição inicial assuste, a idéia é simples, segundo o pesquisador.
O projeto de Nathan consiste em analisar as condições locais e aproveitar as potencialidades da região, a partir de um software que faz os cálculos específicos. “Temos condições de umidade, iluminação natural e temperatura diferenciados no Brasil. Podemos utilizar essas potencialidade para colocar menos lâmpadas, menos aparelhos de ar-condicionado e economizar”, explica.
As bases do trabalho de Natham surgiram em seu doutorado feito na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e na Lawrence Berkeley National Laboratory, em Berkeley, nos EUA. Ao ingressar como professor de Engenharia Mecânica na PUC, o pesquisador passou a testar seus projetos com programas estrangeiros. Os resultados não foram os esperados, já que as particularidades locais não eram levadas em conta pelos softwares. “A solução foi desenvolver também a ferramenta”, conta o cientista.
Surgiram então os aplicativos de simulação termoenergética Umidus e Domus, que tornaram-se inclusive referência do Departamento Americano de Energia.
O projeto de Nathan despertou interesse da UFSC e da Unicamp, que pretendem aprimorar os estudos em conjunto. Interesse comercial, por enquanto, só no exterior. “As construtoras brasileiras pensam muito no lucro imediato. Investir para ter retorno em médio prazo não interessa”, afirma. Por esse motivo, o professor também defende a criação de uma legislação para o setor de edificações. “Antes da construção, já seria definido qual o máximo de energia que aquele imóvel poderia gastar. É assim que funciona nos países mais desenvolvidos”, explica.