Foto: Daniel Derevecki

Paraná ocupa a 13.ª posição no ranking dos estados com mais crianças e adolescentes com trabalho fora da escola.

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O trabalho infantil é uma das principais causas do afastamento de crianças da escola. O tema, indicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como um dos maiores obstáculos à educação, vai ser discutido internacionalmente hoje, Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil.

Apenas no Paraná, estima-se que 300 mil crianças entre 10 e 15 anos estejam envolvidas com algum tipo de trabalho, segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico (Ipardes). No País, elas são 5 milhões, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), de 2006, aponta que 14 milhões de crianças e adolescentes entre 5 a 17 anos estão fora da escola. Desses jovens, 28%, em sua maioria meninas, afirmaram deixar a educação de lado para ajudar nos afazeres domésticos. No total de jovens que trabalham, 18,3% não freqüentam escolas.

A Pnad indicou ainda que o Paraná ocupa, juntamente com a Bahia, a 13.ª posição no ranking dos estados com maior percentual de crianças e adolescentes ocupados com trabalho fora da escola.

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No Estado, o mapa de trabalho infantil, traçado pelo Ipardes em 2006, aponta que 300 mil crianças na faixa etária de 10 a 15 anos estão envolvidas com o trabalho. Dessas, 80 mil estão no campo.

Segundo Regina Bley, do Fórum Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil, um espaço aberto à sociedade que discute e sensibiliza ações de enfrentamento do trabalho infantil, viabilizado pela Secretaria da Criança e do Adolescente, isso acontece pelo fato de o Paraná ter muita atividade agrícola. ?O trabalho das crianças em lavouras e plantações muitas vezes faz parte da cultura dessas famílias?, afirma.

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As formas de trabalho infantil mais comuns no meio urbano evolvem vendedores ambulantes, guardadores de veículos, trabalhadores domésticos, separadores de materiais recicláveis e até mesmo a exploração sexual. Já no Paraná, o Ministério Público do Trabalho tem 1.238 investigações em andamento sob o tema trabalho infantil.

Só em Curitiba, são 506 procedimentos investigatórios. No interior 732 investigações estão em andamento nos nove ofícios da instituição. A maior parte em Foz do Iguaçu, região de fronteira, totalizando 233 ocorrências. A maioria das infrações diz respeito ao não cumprimento da Lei da Cota-Aprendizagem, que determina a contratação de ao menos 5% de menores aprendizes pelas empresas.

Denúncia diminui problema

Uma das alternativas propostas para a eliminação do problema no Brasil é o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). Lançado em 1996, trata-se de uma concessão de bolsa a crianças e adolescentes em situação de trabalho. Famílias com renda per capita maior que R$ 120 recebem, em área urbana, R$ 40 e, em área rural, R$ 25 por criança ou adolescente.

A procuradora regional do Trabalho em Maringá, no noroeste do Estado, Nelí Andonini, afirma que a cidade conseguiu erradicar, há dez anos, o trabalho de crianças e adolescentes em plantações de cana. A meta do Ministério Público do Trabalho agora é atuar em plantações de laranja e algodão, onde ainda é possível ver crianças trabalhando.

Dentre as principais soluções para diminuição do trabalho infantil, Nelí aponta a participação da população em denúncias onde o trabalho irregular ocorre.?A população pode denunciar sigilosamente no site www.prt9.mpt.gov.br, numa sessão exclusiva para denúncias?, indica.

Outra ferramenta proposta pela procuradora é não contribuir com esmolas e não comprar produtos vendidos por adolescentes e crianças. ?Tenho plena convicção que antes de 2015 Maringá irá erradicar o trabalho infantil por completo?, estima Nelí.