Eduardo Santos / Umuarama Ilustrado
Eduardo Santos / Umuarama Ilustrado

Com faixas, trabalhadores protestam durante toda a tarde de ontem.

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Grupos de trabalhadores rurais independentes ao MST bloquearam ontem a entrada de funcionários e clientes em uma agência da Caixa Econômica Federal (CEF) em Umuarama, Região Noroeste do Paraná. Eles querem que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) dê mais agilidade aos processos de assentamento no Paraná e prometeram não deixar o local até serem recebidos por um representante do Incra. A intenção era passar a noite em frente à agência.

Os trabalhadores rurais chegaram às 6h e bloquearam o acesso ao banco, permitindo apenas a entrada do gerente e de dois seguranças. Leonice Teixeira, integrante do Grupo Unidos pela Terra de Icaraíma, diz que há oito anos os oito grupos acampados na região esperam por uma solução. O bloqueio da agência pretende chamar atenção para o problema que os trabalhadores vivem. "Não agüentamos mais esta situação. Vivemos embaixo de lonas, o vento rasga e precisamos ficar mendigando mais lona. Tem muita criança vivendo assim", reclama. Leonice ironizou ainda que ficar morando na porta do banco é até mais confortável. "Aqui, a água é pertinho. Não precisamos andar três quilômetros carregando água", cita.

Segundo ela, os grupos – com cerca de 500 famílias – querem que o Incra agilize o processo de reforma agrária. A trabalhadora afirma que estão esperando a resposta do instituto sobre algumas fazendas que poderiam ser consideradas improdutivas na região. Uma delas é a fazenda Monte Azul, do apresentador de TV Ratinho Massa, e a outra é a Fazenda Mineira, em Tapira.

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No entanto, o superintendente do Incra no Estado, Celso Lisboa de Lacerda, afirma que as vistorias já foram realizadas e as duas fazendas, além de outras 13 sugeridas pelos trabalhadores, foram consideradas produtivas. "Nós já sabíamos que as áreas eram regulares em estudos anteriores, mas, para atender os trabalhadores, fizemos mais uma vez a vistoria e nenhum problema foi encontrado", afirma.

Lacerda afirmou ainda que não iria até Umuarama conversar com os trabalhares porque "eles sabem o trabalho que o Incra vem fazendo. Se não está sendo feito mais é porque não há como fazer mais", argumenta.

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Segundo Lacerda é muito difícil achar áreas improdutivas no Estado, porque os índices usados no cálculo são de 1970. Por exemplo, na época, um alqueire de trigo produzia 80 sacas. Hoje, devido ao avanço da tecnologia, chega a 160.

A saída do Incra para o assentamento no Estado é a compra de áreas. Hoje 32 processos estão em tramitação e devem beneficiar cinco mil famílias. Lacerda acha que até o final de 2006 metade dos processos devem ser concluídos. "Cada um demora pelo menos oito meses", revela.

Além disso, a região Noroeste possui uma característica diferenciada: há pouca oferta de terra. "Os fazendeiros são organizados e quando descobrem que alguém ofertou uma área ao Incra, fazem pressão até que o proprietário desiste", denuncia Lacerda.