O impasse envolvendo estivadores, arrumadores e operadores do Porto de Paranaguá por conta da instalação da chamada eletrônica, há uma semana, parece finalmente ter chegado a uma solução definitiva. Ontem, representantes das categorias participaram de uma nova audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 9.ª Região, em Curitiba. As partes acordaram algumas medidas para evitar os atrasos e erros alegados pelos trabalhadores no momento de utilizar as catracas para habilitação às funções do porto.
Na reunião presidida pela juíza do Trabalho e vice-presidente do TRT, Rosalie Bacila Batista, foram discutidas melhorias e possíveis mudanças. O advogado do Sindicato dos Estivadores, José Maria Gonçalves Júnior, relatou que desde que os trabalhadores voltaram à ativa no porto, na madrugada do último sábado, o sistema já apresentou alguns problemas de hardware que precisam ser solucionados.
Os estivadores dizem que as chamadas estão saindo com atraso, o que gera menos produção e conseqüentemente menos renda aos trabalhadores, que não estão entendendo todas as informações que aparecem no monitor onde o sistema é operado e que gostariam de ter à disposição um comprovante impresso da habilitação de trabalho que realizaram. O comprovante permitiria verificar se a escolha da função foi feita de forma correta. Ficou decidido, então, que dentro de trinta dias o Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo) do porto vai instalar impressoras para proporcionar aos trabalhadores a verificação em papel. Até lá, deve aparecer na tela do monitor da chamada o comprovante indicando a função para a qual o trabalhador se habilitou. Ele mesmo poderá confirmar a informação ou corrigi-la.
Como resposta ao atraso na escalação, a advogada do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado do Paraná (Sindop), Ana Lúcia Ferreira, que representa a categoria patronal, revelou que ajustes técnicos serão realizados e propôs, ainda, que mais uma máquina seja instalada em cada ponto de escalação. "Existem no Porto de Paranaguá três pontos de escalação. Em cada um existem seis máquinas. Poderíamos aumentar esse número para sete", declarou. Os trabalhadores concordaram e a juíza determinou que o procedimento fosse adotado.
Dois oficiais de justiça de Paranaguá também serão nomeados a acompanhar a operação das catracas e fazer um relatório sobre os possíveis erros encontrados.
Para resolver a dificuldade dos trabalhadores quanto à utilização do sistema, ficou decidido que haverá membros do Ogmo e do Sindicato dos Estivadores para auxiliar os trabalhadores na hora de se habilitarem. Os sindicalistas serão treinados para isso. O órgão também ficou incumbido de fazer uma adaptação no programa da chamada que impeça repetições ou desencontros nas habilitações, evitando confusões e atrasos. Também será adotado um cartão durante trinta dias que pode agilizar as habilitações. O mesmo consiste em uma espécie de gabarito, em que o trabalhador preenche o horário e a função para a qual se habilitará, inserindo-o posteriormente na máquina e habilitando-se automaticamente. Daqui a um mês, uma nova reunião no TRT deve verificar se as medidas surtiram os efeitos necessários e se novas adaptações terão de ser feitas no funcionamento da chamada eletrônica.