Trabalhadores de autoescolas cobram reajuste salarial

Trabalhadores de autoescolas do Paraná estão desde junho do ano passado sem uma definição de reajuste salarial. A data-base da categoria é em julho. Em 2008, os patrões propuseram um reajuste de 7,64%, mas a categoria não concordou e entrou com uma ação de dissídio coletivo na Justiça do Trabalho.

Até agora não houve qualquer decisão e a convenção coletiva de trabalho 2008/2009 ficou em aberto. Os empregados realizaram ontem um protesto em frente ao Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) para chamar atenção ao assunto.

Queremos que o instrutor receba em cada aula de moto. Hoje, as autoescolas dão três aulas e o instrutor recebe uma

Arminda Martins, presidente do Sinproauto

Um instrutor de autoescola recebe, atualmente, um piso salarial de R$ 506 mais R$ 1,50 por cada hora/aula ministrada. O Sindicato dos Instrutores e Profissionais Técnicos de Autoescolas no Paraná (Sinproauto) pede um salário-base de R$ 750 mais R$ 3,50 por hora/aula.

O último reajuste aconteceu em 2007. Segundo a presidente do sindicato, Arminda Martins, o que tem causado grande insatisfação na categoria, além de todo o imbróglio, é o fato de as empresas terem aumentado os valores dos cursos para os alunos no último ano.

O reajuste de 7,64% foi considerado muito baixo por Arminda. De acordo com ela, a categoria quer ainda valores diferenciados para os instrutores para alunos que querem tirar a habilitação para ônibus e caminhões e aumento no vale-alimentação.

“Queremos que o instrutor receba em cada aula de moto. Hoje, as autoescolas dão três aulas e o instrutor recebe uma”, comenta. Ela ainda afirma que os trabalhadores passam por jornadas de trabalho excessivas e sem receber o pagamento das aulas extras.

Arminda esclarece que o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) é o órgão fiscalizador da atividade e poderia cobrar um posicionamento das autoescolas. “O Detran poderia sim valorizar a nossa categoria e também limitar o número de aulas que os instrutores ministram”, avalia.

O presidente do Sindicato dos Proprietários de Autoescolas do Paraná, Justino da Fonseca, explicou que o aumento de 7,64% abrange 1% sobre o índice inflacionário (aumento real), o que é considerado alto pela entidade.

Ele considera que não há como negociar aumentos maiores agora porque as autoescolas estão sofrendo queda na procura desde janeiro, o que deve se agravar nos próximos meses e causar impactos negativos no setor, até demissões.

“Geralmente, o mês de janeiro é um dos melhores para nós, mas este ano o movimento caiu neste período”, afirmou. Fonseca disse ainda que a decisão de ir à justiça foi dos trabalhadores e que, dessa forma, as negociações estão “emperradas”. “Nós sempre estamos dispostos a dialogar, mas tem que ser dentro da realidade”, afirmou.

O Detran-PR informou que não compete ao órgão interferir em questões trabalhistas. Ainda segundo o Detran, os manifestantes tentaram impedir a saída de alguns veículos do pátio para a realização de exames, o que atrasou um pouco os trabalhos de ontem. Porém, segundo o órgão, nenhum exame foi cancelado.

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