Diariamente, no final do expediente, o operador de máquinas Hildo Antônio de Oliveira, 65 anos, tomava coragem e, na falta de uma passarela para pedestres, atravessava a BR-376 (Contorno Sul), no quilômetro 603, para pegar o ônibus e ir para casa, no Cajuru. Ontem, por volta das 15h20, sua rotina foi interrompida por um Santana. Segundo testemunhas, ao ver o carro, Hildo se agachou apertando rosto com os braços, como se já esperasse o impacto fatal.
O motorista do Santana placas CZZ-3136, o vendedor ambulante Valdir Campos da Silva, 45, não pôde evitar a colisão. “Ele estava no meio da pista. Foi pra frente e voltou com medo de uma carreta. Eu tentei desviar e até saí da pista. Ele se agachou e a ponta do carro pegou na cabeça dele. Talvez, estivesse vivo se não tivesse se abaixado”, lamentou o condutor.
Aposentadoria
“Ele se apavorou com a carreta e voltou para trás”, confirmou Everaldo Francisco, auxiliar de produção de outra empresa às margens da rodovia. Everaldo costumava conversar com Hildo e disse o operador ainda respirava quando ele se aproximou. “Ele olhou para mim e abaixou a cabeça. Nessa hora pensei: ‘morreu’. Se eu fosse médico tinha salvado ele”, lamentou.
Everaldo disse que Hildo comentou que era para ter se aposentado na sexta-feira, mas a empresa pediu para ele ficar mais um tempo no serviço até acharem um substituto. Hildo trabalhava há anos na La Violetera, na Cidade Industrial. “Todo o dia, ele atravessava a rodovia para pegar o ônibus e ir pra casa”, informou Lucimara Castilho, colega de trabalho de Hildo. A passarela mais próxima, a cerca de três quilômetros do acidente, ainda está sendo construída.