Uma pesquisa realizada entre agosto de 2000 e agosto de 2004 revela que os custos da piscicultura na região de Toledo estão ligados principalmente aos gastos com ração. É o que afirma o doutor em Economia Aplicada pela USP/ESALC Ricardo Martins, que fez um levantamento mensal dos custos operacionais e de implantação da produção de peixes.
Segundo ele, esse é um dos principais motivos para a queda da produção na região, que pode ter diminuído em cerca de 30%. "Dos cinco frigoríficos que havia em Toledo, atualmente apenas dois estão funcionando", afirma.
De acordo com Martins, o setor pode ter se tornado menos atrativo a investimentos devido ao preço do peixe, que permaneceu estável. A pesquisa indicou também que, na implantação da atividade, os gastos com drenagem e terraplanagem tiveram uma variação muito alta por causa da indexação dessas atividades aos preços de milho e soja, que subiram bastante no período analisado. Martins diz que um ponto que pode, em princípio, ser visto como favorável foi a queda de preços de alevinos – pequenos peixes que irão ser engordados pelo produtor. Segundo ele, o fato permite duas conclusões. A primeira é que houve excesso de oferta por causa da desistência da produção. A outra é que houve um avanço na tecnologia de cultivo. "Como economista, preciso considerar essas duas hipóteses", afirma Martins.
Estruturação
Martins afirma que o setor de piscicultura tende a crescer por causa do forte incentivo de mercado e pela qualidade nutricional do produto. Mas, segundo ele, isso não quer dizer que vá crescer no Paraná. "Para muitos produtores, a atividade teve desempenho decepcionante."
Na opinião do economista, falta para a atividade uma coordenação da cadeia produtiva. "Muitas vezes falta peixe em frigoríficos e sobra nos tanques". Ele diz que é necessária uma logística de transporte estruturada, porque atualmente os produtores têm dificuldade de atingir mercados interessantes. Outra dificuldade que os produtores têm, segundo Martins, é o abastecimento de mercados com regularidade.
O economista aponta algumas soluções possíveis à estruturação da cadeia produtiva. Uma das formas seria o incentivo à pesquisa em universidades para a produção de rações mais baratas. Ele lembra que nas décadas de sessenta e setenta foi a diminuição do custo da ração que tornou o frango um alimento popular. "Antes disso, o frango era alimento de luxo", afirma.
Outra medida seria a formação de cooperativas ou a entrada de uma grande empresa de piscicultura na região de Toledo, para que seja possível o estabelecimento de padrões de produção e de distribuição.