Não há quem resista ao cavaquinho do ?Seu Silo?. Ele faz miséria no instrumento e não se faz de rogado. Procura atender a todos os pedidos, inclusive aos mais estranhos. ?Uma vez, no aniversário de uma pessoa, tive que tocar várias vezes o Hino Nacional. Foi a coisa mais difícil que fiz, mas consegui?, garante o musico, que mora em Matinhos e já fez um pouco de tudo na vida. E o mais incrível é que aprendeu a tocar sozinho, de ouvido. Não consegue ler uma única nota musical, mas basta ouvir qualquer música apenas uma vez e já sai tocando, sem problema. ?Acho que isso é dom. Sempre gostei da música?, assegura.
Silo da Silva Ramos tem 58 anos e talvez seja o mais ilustre filho de ?Dona Cocó?, que já está com 80 anos e foi uma das primeiras a morar em Matinhos. De família humilde, começou a trabalhar aos 8 anos, carregando malas de viajantes na rodoviária local. Depois que cresceu um pouco, foi para o mar, tarrafear. O peixe pescado era imediatamente levado para casa, para ajudar no sustento dos irmãos. Aos 10 anos comprou o primeiro violão, usado. Dedilhou o que ouvia no rádio e todo mundo gostou.
Há uns 12 anos, o cavaquinho usado, que ficava no porta-malas do carro, foi furtado. Sem dinheiro para comprar outro, contou com a cooperação de um parente vereador. Ganhou um cavaquinho novo, com amplificador, que é o que usa até hoje. Uma das músicas que mais gosta leva o nome de Boate Azul – quem canta atualmente é a dupla Bruno e Marrone -, mas a que faz questão de mostrar é a conhecida Tema de Lara, que executa com capricho, em ritmo de pagode.
Certa vez, durante um ensaio do grupo, teve que aprender e decorar 14 novas músicas. Tudo em apenas uma tarde. À noite, já conseguia executá-las no palco, impressionando até os companheiros, que não conseguiam acreditar como ele, de ouvido, conseguia decorar tudo. ?Ossos do ofício?, brinca o artista, que quer ?estourar? nesta temporada, animando todos aqueles que gostem de boa música.