O processo criminal sobre o conflito armado entre seguranças da empresa NF Segurança Ltda. e membros do Movimento dos Sem Terra (MST), ocorrido em outubro de 2007 em um fazenda da Syngenta Seeds em Santa Tereza do Oeste, que resultou na morte de duas pessoas, entrou ontem na fase da ouvida das testemunhas de acusação.
A ação corre na 1.ª Vara Criminal de Cascavel, mas a audiência, que terá prosseguimento hoje, está acontecendo no Tribunal do Júri da cidade. Ontem, dez das 41 testemunhas arroladas no caso foram ouvidas.
O juiz do caso, Juliano Nanúncio, avisou que só irá se pronunciar depois que todas as testemunhas forem ouvidas. De acordo com o advogado do MST, Adelar Marciniak, os depoimentos foram produtivos.
“As coisas já clarearam bastante para a Justiça. Já sabemos que os sem terra foram massacrados por uma milícia armada, e os culpados aos poucos vão aparecer”, conclui. Segundo ele, ontem foram ouvidos alguns integrantes do MST que foram feridos no conflito, e policiais que trabalharam no inquérito e na perícia do caso.
Para o advogado dos 19 acusados, Hélio Ideriha Junior, a audiência está transcorrendo “dentro da normalidade”. Mas só hoje, com o prosseguimento dos depoimentos, haverá dados mais concretos.
Ele informa que, apesar da audiência para ouvir as testemunhas indicadas pela defesa ainda não estar marcada, muitas delas – como os seguranças e alguns sem terra – estão sendo ouvidas agora, pois foram arroladas pela acusação.
Contatada, a Syngenta voltou a lamentar o ocorrido, e reafirmou o seu não envolvimento, ou de seus funcionários, no caso. “O não envolvimento da Syngenta foi reconhecido pela não inclusão da empresa no relatório de conclusão do inquérito policial e também na ausência de indiciamento por parte do Ministério Público”, informou, em um comunicado.