Terreno gera atrito entre ciganos e sem teto

Um grupo de ciganos, que vive há cerca de dois anos em uma área de 30 mil metros quadrados na Rua João Dembinski, no bairro Campo Comprido, em Curitiba, afirma que o terreno teria sido sondado por sem teto. O fato aconteceu na semana passada, e eles só não entraram na área porque teriam afirmado que ?a melhor parte do terreno? já estava ocupada. O movimento dos sem teto nega a informação.

De acordo com o cigano Lepinho Marques da Cruz – que veio da Bahia e mora há dois anos no terreno -, os sem teto tinham a intenção clara de também se instalar no local. Ele conta que não estava na área naquele dia, mas foi informado da situação por outros moradores. ?Se estivesse aqui não teria deixado eles passarem para dentro do terreno?, falou. Cruz diz que os moradores temem ser alvo de invasões como as que ocorrem recentemente em Curitiba – no Santa Quitéria, onde os invasores estão desde fevereiro, e o do Campo Comprido, desocupado na quinta-feira.

O presidente da Associação de Preservação de Cultura Cigana (Apreci), Cláudio Iovanovitchi, explica que a área onde estão os ciganos foi repassada pela Prefeitura em comodato no ano de 2004. A proposta era dar apoio aos ciganos nômades que passassem por Curitiba. Essa permissão de uso teria validade por 90 dias, porém até hoje não foi renovada. Segundo Iovanovitchi, eles irão brigar para se manter no local e já trabalham para implantar no camping projetos culturais e de geração de renda. Ele avaliou que a ameaça de invasão do terreno provocou uma descaracterização da cultura, pois ?os ciganos que sempre tiveram a terra só como um caminho de passagem, agora estão tendo que proteger essa terra?.

A coordenadora do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Luzia Stubert, negou que integrantes dos sem teto estariam sondando a área. ?Tenho certeza que não foi ninguém do movimento?, falou. A Prefeitura não informou sobre a vigência do comodato com os ciganos, garantindo que isso será apontado durante um levantamento que a fiscalização da Secretaria de Urbanismo está fazendo no local. Existe uma solicitação do Ministério Público para que se verifique possíveis danos ambientais de patrimônio público, e só após esses laudos o município irá se manifestar sobre o assunto. 

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