Não se vê uma alma viva no terreno que vai sediar o novo prédio do Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba. Apenas a terraplanagem foi feita no espaço. Moradores e trabalhadores da região pouco sabem sobre as obras. Após denúncias das condições precárias da atual sede, no centro, o governo anunciou a construção do novo ambiente, há mais de um ano, mas desde lá nem um tijolo foi colocado.
O governador Beto Richa autorizou, em 26 de março de 2012, a abertura de licitação para obras do novo prédio, depois de seguidas denúncias sobre irregularidades na sede atual, na Avenida Visconde de Guarapuava, 2652. Quinze dias antes, a Tribuna noticiou a série de problemas existentes ali, como cadáveres amontados, extravio de corpos, sangue e chorume misturados vazando e causando mau cheiro insuportável, e falta de higiene, colocando em risco os profissionais do instituto e as pessoas que precisam dos serviços prestados.
Inicialmente a sede ficaria na Vila Izabel. Em agosto foi anunciada a mudança para terreno de 6.182 mil metros quadrados no Tarumã, atrás do Jockey Club. A troca de local atrasou a licitação, pois o projeto teve que ser reestruturado.
Situação precária
Segundo a presidente da Associação dos Médicos Legistas, Maria Leticia Fagundes, a construção da nova sede para o IML é promessa que passa de gestão para gestão. “A gente sempre ouve os secretários da Segurança falando em construir a nova sede do instituto, desde os tempos do Jaime Lerner, Requião e agora estamos no terceiro ano de governo, mudou o secretário e o atual repete as mesmas coisas que o anterior falava”, desabafa. A associação está descrente sobre o novo prédio. “Muitas promessas são feitas e nada acontece”, afirma.
Maria Leticia diz que a situação continua precária. “Continua péssimo, a estrutura é totalmente inviável para o atendimento da comunidade. Atendemos em condições precaríssimas, falta material de atendimento, falta segurança para a saúde das pessoas para procedimentos, por exemplo, a necropsia”, relata. A única melhoria apontada por ela é que não há mais corpos acumulados.
Empresa entra com recurso
Divulgação/ANPr |
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Grupenmacher: investimentos. |
De acordo com o diretor da Polícia Científica, Leon Grupenmacher, a licitação para a construção da nova sede do IML já foi finalizada, mas está travada porque uma das empresas participantes entrou com recurso. Assim que julgado, segundo ele, as obras iniciam e devem ser finalizadas no prazo de 12 a 24 meses.
“O dinheiro para a obra já está liberado, cerca de R$ 20 milhões”, afirma. O atraso do início da construção teria acontecido por causa da mudança de terreno, motivada pelos moradores da Vila Izabel, que não quiseram um IML no bairro.
A Secretaria da Segurança Pública informou que R$ 72 milhões serão investidos em equipamentos e melhorias nas estruturas dos institutos e no setor de criminalística de todo o Estado. Também devem ser entregues nas próximas semanas 56 viaturas destinadas aos dois setores.
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