Terminou sem qualquer decisão a reunião consultiva do Conselho Universitário (Coun) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) realizada ontem, em Curitiba. Depois de muito bate-boca e discursos inflamados, os alunos que ocupam a reitoria não abriram mão da realização de um plebiscito, paritário e com participação de toda a comunidade universitária, para decidir a adesão da universidade ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).
A reunião, que durou cerca de quatro horas, já começou com clima tenso. O reitor Carlos Augusto Moreira Júnior abriu os trabalhos sob gritos de ordem. ?Oh, Moreira, eu quero ver o plebiscito do Reuni acontecer?, gritavam os estudantes.
O presidente da comissão criada para avaliar o Reuni, Paulo Yamamoto, fez uma explanação da pré-proposta do programa. Ele ressaltou, entre outros pontos, as metas que a UFPR terá que atingir caso venha aderir ao programa. Entre elas está a elevação da taxa de conclusão das graduações, que teriam que passar dos atuais 74% para 90% até 2012. Segundo ele, a instituição também teria que aumentar a relação de número de alunos para cada professor, que hoje está em 14,3 e, pelas exigências do Reuni, terá que ser de 18.
Além dessas medidas, a universidade que aderir ao programa terá que ampliar o número de vagas, principalmente em cursos noturnos. Para o professor do departamento de química, Francisco Marques, existem muitos problemas escondidos na proposta do Reuni. ?As metas são irreais. Atingir um índice de 90% de aprovação sem combater a evasão é tornar a universidade uma distribuidora de diplomas?, disse.
Durante a reunião, alguns conselheiros alegaram que precisavam discutir a proposta de consulta apresentada pelos estudantes, que ocupam a reitoria, com os setores que representavam, pois até agora só haviam definido uma posição favorável ou contra o Reuni, o que não foi aceito pelos estudantes da ocupação.
Pela falta de acordo, o reitor deixou a negociação, posição adotada pelos demais 51 conselheiros. Depois do encerramento, os estudantes retornaram para o prédio da reitoria, onde estão acampados há oito dias.
Medidas
Após a reunião, o reitor afirmou que os conselheiros vão agora voltar para seus setores e discutir sobre a realização de uma consulta sobre a adesão da UFPR ao Reuni. Sobre a ocupação, ele descartou o uso da força para a retirada dos estudantes, mas não deixou de responsabilizá-los pelos possíveis danos. ?Se eles quiserem ficar lá três meses ou um ano, eu não me importo. Só que o RU fecha na sexta por falta de mantimentos e a folha de pagamento tem que ser fechada até o fim do mês. Eles que arquem com os prejuízos?.
Segundo a estudante de Comunicação Social, Naiady Piva, a posição do movimento de ocupação permanece. ?Vamos ficar aqui até que o Coun aprove a realização do plebiscito paritário e com peso para o número de votantes?.