O receio de que a negociação seguisse para o dissídio coletivo, levou a maioria dos motoristas e cobradores de ônibus de Curitiba e Região a aprovarem na manhã deste sábado (01), em assembleia na Praça Rui Barbosa, a proposta de 9,28% de reajuste salarial apresentada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-9).
A decisão pôs fim a greve iniciada na quarta-feira. O retorno do efetivo, no entanto, segue a escala normal de fim de semana com 60% dos funcionários no sábado e 40% no domingo.
Além do reajuste que elevou para R$ 1.814,93 o salário dos motoristas e para R$ 1.028,10 o salários dos cobradores, foram acordados um abono salarial de R$ 300,00 e aumento de 10,5% no cartão alimentação, que atualmente é de R$ 300,00. O reajuste do cartão alimentação deixou a categoria bastante insatisfeita com a proposta, pois o objetivo era chegar a R$ 100 de aumento.
O acordo e só foi aceito na votação, com a ressalva de que o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) vai tentar junto ao governo do estado melhorar o benefício, o objetivo era aumentar R$ 100, vinculando ao subsídio repassado à prefeitura. “Entendemos que neste momento podemos aceitar a proposta, mas a categoria deu prazo até meados de junho, até a Copa, para que o valor cartão-alimentação seja melhorado e vamos buscar esse entendimento junto ao governador, pois o estado também participa disso”, afirmou o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira.
Os trabalhadores presentes na assembleia não descartam a possibilidade de numa nova greve, caso a questão não avance.
O diretor de relações do Trabalho, da Secretaria estadual do Trabalho, Núncio Manala, estava presente na assembleia, garantiu que vai levar a proposta ao governador Beto Richa assim que ele retornar do recesso. “O governo já havia sinalizado com um subsídio da ordem de R$ 5 milhões, mas esbarrou na Urbs”, explicou. Na audiência conciliatória de ontem no TRT-9, a vice-prefeita Miriam Gonçalves deu o aval de que a Prefeitura de Curitiba se comprometeria a pagar o reajuste sugerido pela desembargadora Ana Carolina Zaina à categoria e que esse seria o limite do município.
Por sua vez, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), que representa os empresários do setor, disse que os trabalhadores não seriam descontados pelos quatro dias parados.
R$ 0,13
Pelos cálculos do economista do Departamento Intersindical de Economia e Estatística do Paraná (Dieese), Sandro Silva, na composição da tarifa técnica que hoje vale R$ 2,93, a proposta acordada vai representar R$ 0,13 no custo. Isso engloba os 9,28% de reajuste salarial (5,26% Índice Nacional de Preços ao Consumidor + 3,82% de ganho real), o abono salarial de R$ 300 e o aumento de 10,5% no cartão alimentação. Se o cartão-alimentação chegar a R$ 400 em valores nominais, isso equivalerá a mais R$ 0,03 na composição da tarifa técnica (totalizando R$ 0,16).