Os idosos estão descobrindo que a chamada “terceira idade” não é sinônimo de doenças e isolamento. Pelo contrário, pode ser uma boa fase da vida. As preocupações com tantas contas, educação dos filhos e a carreira ficaram para trás. O tempo está livre para dançar, fazer ginástica, aprender e viajar. O problema é que há muita gente que ainda não acredita nisto. Para reverter a situação a Associação Médica do Paraná (AMP) tem promovido encontros para tratar do assunto.
Segundo a psicóloga Neusa Corassa, o objetivo é desmistificar a idéia de que a terceira idade deve ficar encostada, esperando a morte chegar. Neusa conta que até 1980 eram poucos os indivíduos que chegavam a esta faixa etária no Brasil. Quem conseguia, geralmente, estava bem debilitado. Assim, a visão de que a vida para os idosos já havia terminado era aceita por toda a sociedade, inclusive por eles mesmos.
Mas com a melhoria da qualidade de vida e os avanços da ciência, um grupo cada vez maior esta chegando a esta fase e com muita vitalidade. O problema é que muitos idosos não estão convencidos disto e a família e a sociedade tem um papel importante neste sentido. “É preciso levá-los até as atividades. Você leva uma vez, duas, três e na quarta ele já vai sozinho”, exemplifica Neusa.
Ivete Torres Ribeiro, de 74 anos, é o retrato do que a idade pode oferecer. Atualmente ela faz um curso para fortalecer a memória, ginástica e ainda estuda inglês e alemão. Sem contar as reuniões sociais que participa e as viagens. Ela conta que está aproveitando para fazer o que o compromisso com a casa e os filhos impedia.
Para ela administrar as perdas que ocorrem com a chegada da idade não é fácil. Mas as atividades ajudam muito e ela dá um conselho para quem está em casa parado, esperando a vida passar. “Saia de casa, faça amizades, procure uma atividade. Existe sempre alguma coisa para fazer que dê certo com cada idade”, diz.
ambém cheia de energia e de compromissos, Tereza Silva Bello, 66, ainda está a frente da sua escola de moda. “Não tenho vontade de parar, tenho saúde, vitalidade e 40 anos de experiência para passar para os mais jovens”, afirma. Ela ainda faz um trabalho na igreja que freqüenta com um grupo de adolescentes. Lá aproveita para aprender e ensinar. Além disto dançar uma vez por mês está marcado na agenda.
Tereza fala ainda que agora ela pode aproveitar muita coisa que ficou para trás, já que antes precisava trabalhar para pagar os estudos dos filhos. Hoje eles são formados, e recompensam o esforço dela ajudando no que ela precisa e dando presentes. “Já ganhei até uma viagem para a Europa”, conta.
Luci Skraba, de 65 anos, é psicóloga e também continua na atividade. Parar de trabalhar não passa pela cabeça dela. “Quem parar com o que faz deve descobrir uma atividade que goste de fazer”, comenta.