?Se o catolicismo enxergar o novo papa como um substituto de João Paulo II, que era uma pessoa de bastante carisma, o religioso que for escolhido para assumir a função encontrará muitas dificuldades?. A afirmação é do ex-diretor do curso de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Mário Antônio Betiato. Ontem de manhã, ele e outros estudiosos de Teologia se reuniram na universidade para discutir o futuro da Igreja após a morte de João Paulo II e o perfil do novo papa.
Na opinião do pároco responsável pela paróquia universitária Jesus Mestre, Patrick Francis O?Neil, será fundamental ao futuro papa ser uma pessoa aberta ao diálogo com representantes de outras religiões, principalmente do islamismo. ?A redução do terrorismo e a conquista da paz deve passar pelo entendimento de pessoas de bem de todas as religiões. Porém, não basta o papa avançar e a Igreja ficar parada. O novo pontífice vai contar com o auxílio de um grupo de cardeais. É preciso que a caminhada seja feita em conjunto?, explicou.
Também será necessário diálogo com a política, mas principalmente com a comunidade científica. Segundo o estudante de Teologia César Augusto Kusma, o sucessor de João Paulo II não poderá ficar alheio a assuntos em discussão no momento, como a eutanásia, aborto, métodos contraceptivos e pesquisas envolvendo a utilização de células-tronco. ?Acho que o novo papa não poderá ser nem totalmente progressista nem totalmente conservador, mas sim moderado. Ele vai ter que ser muito bem assessorado, buscando informações e estudando questões ligadas à área científica. Ele deverá se mostrar aberto à modernidade?, declarou.
Já para a professora Dagmar Haj Mussi, formada em Teologia e Filosofia, o futuro pontífice também não poderá ignorar o problema da pobreza e da miséria no mundo. ?As pessoas devem ter condições mínimas de sobrevivência para que a dignidade humana não seja deixada de lado?.