Tensão na fronteira estremece relações entre Brasil e Paraguai

O clima tenso na fronteira entre Brasil e Paraguai ameaça atrapalhar a relação entre os dois países. Ontem, enquanto sacoleiros e mototaxistas fecharam novamente a Ponte Internacional da Amizade, e entraram em confronto com a Polícia Federal (PF), uma reunião entre autoridades paraguaias oficializou a retaliação contra o Brasil, sugerindo até mesmo a retirada do país do Mercosul.

O prefeito de Ciudad del Este, Javier Zacarias Irun, o ministro do Trabalho paraguaio, Derlis Céspedes, e a ministra de Relações Exteriores, Lela Rachid Cowles, propuseram durante um encontro o fechamento da aduana por 30 dias, com liberação apenas de caminhões transportando alimentos. O plano discutido ontem prevê ainda um controle rigoroso dos iguaçuenses que trabalham no comércio do outro lado da fronteira. No primeiro dia da fiscalização (14), encaminhada pelo Ministério do Trabalho do Paraguai, cerca de 30 brasileiros foram obrigados a deixar o país por não conseguirem provar residência.

O secretário de Planejamento de Ciudad del Este, Nelsón Dario Aguinagalde, disse para um canal de TV paraguaio que o bloqueio se estende também ao transporte de qualquer mercadoria pelas águas do Rio Paraná através de balsas em Puerto Franco, na divisa com a Argentina. Segundo ele, a Argentina apóia a decisão. Porém, o segmento mais prejudicado com a medida seria o transporte da soja paraguaia – 90% da produção são exportados para o Brasil por esse meio.

As medidas devem receber parecer final na próxima terça-feira (21), quando está prevista uma reunião entre as autoridades brasileiras e paraguaias em Brasília, a fim de discutir a tensão na fronteira.

Em outro encontro, sindicalistas paraguaios ligados ao transporte ameaçaram romper as relações comerciais com o Brasil. Eles vão pedir ao presidente Nicanor Duarte a retirada do país do Mercosul. Enquanto isso, os cerca de 200 carros e motos brasileiros ainda estão apreendidos pela Guarda Paraguaia.

Confronto

Desde às 10h de quarta, taxistas e motoristas de vans paraguaios amontoavam os veículos na aduana do país vizinho e trancaram a passagem de caminhões, carros e pedestres. Na manhã de ontem, brasileiros invadiram a ponte e se arriscavam em busca de compras no outro lado da fronteira. Os paraguaios então armaram barricadas com os blocos de concreto que separavam as pistas para evitaram o vaivém no local.

Os brasileiros também protestaram. Sacoleiros e mototaxistas formaram um cordão humano e bloquearam a ponte. Alguns agentes federais iniciaram a negociação para o fim do protesto. O clima aparentemente pacífico entre as partes foi quebrado pelo arremesso de uma pedra contra a PF, que reagiu com o disparos de balas de borracha e bombas de efeito moral. O confronto durou cerca de três horas e grande parte da região fechou devido ao incidente. Seis pessoas foram presas. De acordo com a PF, ninguém ficou ferido.

A crise na fronteira ficou tensa na última semana, quando a Delegacia da Receita Federal de Foz do Iguaçu anunciou uma investida no combate ao contrabando na região.

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