Sem chuva desde o início do mês, Curitiba sofre com a baixa umidade do ar. O tempo seco favorece a ocorrência de problemas respiratórios, especialmente entre as crianças. Do dia 1° até ontem (09/03), o Hospital Pequeno Príncipe (HPP) registrou uma média de 480 atendimentos por dia. Pelo menos metade destes pacientes apresentavam problemas na garganta e no nariz.
Enquanto os níveis de umidade do ar ficam baixos, aparecem os sintomas de coriza e coceira no nariz, além da irritação na garganta e ardência nos olhos. “Com o tempo seco a mucosa fica mais ressecada e assim mais exposta a inflamações e alergias. Este caso é ainda mais frequente para os pacientes com bronquite e aqueles que são alérgicos”, explica o pediatra e coordenador médico da emergência do HPP, Nilton Kiesel Filho.
O estudante Rickelme Bahia, 9, é um dos curitibanos que está sofrendo com as altas temperaturas e a baixa umidade do ar. Com diagnóstico de bronquite desde a infância, ele surpreendeu a mãe por apresentar problemas respiratórios em pleno verão. “Geralmente ele fica assim no inverno e já estava há um ano sem nenhuma crise”, conta a consultora Flávia Bahia. O mal estar perdura por todo o dia e segue também durante a noite, quando o garoto precisa dormir reclinado para evitar a tosse constante.
A hidratação é a principal recomendação dos médicos para minimizar os efeitos causados pelo ar seco. “É preciso tomar muita água, principalmente durante a noite, antes da criança dormir”, recomenda a coordenadora de aleitamento materno da Secretaria Municipal de Saúde, Claudete Closs. Independente da idade, o cuidado também envolve a ventilação dos ambientes e alternativas para aumentar a umidade do ar. Vale colocar toalhas úmidas e bacias com água nos quartos durante a noite. Para evitar consequências mais graves, o tratamento deve obrigatoriamente contar com o atendimento médico. “Não se pode fazer a automedicação”, alerta Claudete.
Viroses também afetam nesta época do ano
Junto com o tempo seco, o pediatra do Hospital Pequeno Príncipe, Nilton Kiesel Filho, alerta para outras duas viroses sazonais que também estão ocasionando o aumento no número de pacientes atendidos. Além da virose respiratória, que é potencializada pelas condições climáticas na cidade, uma virose intestinal está em circulação.
“Este vírus é comum nesta época do ano e que pega a família inteira”, diz. Os sintomas são diarreia, febre e vômito, que podem ser evitados pela hidratação constante e cuidados com a higiene. “É fundamental lavar bem as mãos e os alimentos, além de evitar grandes aglomerações”, orienta.
Tempo segue seco
O índice de umidade do ar em Curitiba tem chegado próximo a 30%, em decorrência das altas temperaturas e a falta de chuva. Esta situação deve seguir até o próximo domingo, quando uma frente fria irá se deslocar pelo oceano, causando chuvas localizadas.
Mesmo com índices considerados baixos, o meteorologista do Simepar, Tarcizio Costa, afirma que a capital está “bem se comparada ao restante do estado”. Isto acontece pela proximidade com o oceano. “A umidade chega até Curitiba, que não está tão seca quanto o interior”, explica. Os períodos mais secos são registrados durante a tarde, quando as temperaturas são maiores.