A desatenção e a falta de memória das pessoas resultam em uma grande quantidade de objetos perdidos ou esquecidos em locais públicos. Em Curitiba e Região Metropolitana, lugares como a Rodoferroviária, o Aeroporto Afonso Pena e os Correios mantêm depósitos para guardar alguns desses artigos. Na Rodoferroviária, objetos esquecidos pelos passageiros são encontrados diariamente. Porém, é nos períodos de férias escolares e feriados que as pessoas mais costumam deixar suas coisas nos bancos, corredores e plataformas de embarque e desembarque. As campeãs de esquecimento são as malas.
![]() |
Aeroporto: muitos livros. |
Porém, no inverno, os funcionários do local costumam encontrar uma grande quantidade de casacos e cobertores. No verão, são comumente encontrados guarda-sóis e pranchas de surfe. ?Além disso, já foram esquecidos óculos, celulares, muletas, cadeiras de rodas, dentaduras, carrinho de bebê, ternos, fogão, porta de carro e até uma caixa contendo cem pintinhos vivos. A média é de um objeto perdido a cada dia, sendo que anualmente apenas 25% do total é retirado pelos proprietários?, conta o auxiliar administrativo da Urbs, Osvaldo Schlusaz.
Os objetos deixados na Rodoferroviária são registrados e guardados por 90 dias. Caso os proprietários não apareçam para retirá-los ou entrem em contato, são doados ao Instituto Pró-Cidadania, mantido pela Prefeitura.
Aeroporto
No Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, são encontrados, em média, 177 objetos esquecidos ou perdidos por passageiros a cada mês. Do início do ano até o último mês de junho, foram deixados no local 1.069 objetos. Desse total, 381 foram devolvidos. De acordo com o superintendente da Infraero, Antônio Felipe Bergmann Barcellos, os campeões de esquecimento costumam ser óculos, celulares e livros. Porém, já foram encontradas dentaduras, travesseiros e até uma caixa com produtos eróticos. ?Também acontece muito no aeroporto de alguns objetos cortantes, como tesouras, canivetes, utensílios de cozinha e lixa de unha de metal, serem abandonados pelos passageiros. Esses objetos não podem ser levados na bagagem de mão e quando identificados no raio-X precisam ser levados até o check-in para serem despachados como bagagem de porão. Como os produtos costumam ser de pouco valor, muitas vezes os passageiros não se dispõem a realizar esse procedimento e acabam os abandonando?, revela.
![]() |
Rodoferroviária guarda pranchas de surfe esquecidas. |
As coisas deixadas no aeroporto ficam no departamento de achados e perdidos por no mínimo trinta dias. De três em três meses, os artigos não recuperados são levados para a Justiça Federal, que os encaminha para doação.
Correios
Nos Correios, na sede da Rua Marechal Deodoro, são guardados cerca de 5 mil objetos perdidos a cada sessenta dias. Diariamente, dão entrada no local entre 200 e 250 artigos e são entregues aos donos entre 20 e 25. Em grande parte, o depósito dos Correios está tomado por documentos extraviados. Porém, já passaram pelo local alguns objetos curiosos. ?Já apareceram por aqui óculos, guarda-chuva, bengala, agendas, álbuns de fotografias e até dentadura?, diz o gerente dos Correios da Marechal Deodoro, Dazir Borges. ?Esses objetos geralmente ficam com a gente por um longo período de tempo, dificilmente sendo procurados.?
Os documentos e objetos são jogados nas caixas dos Correios, entregues aos carteiros ou pessoalmente nas agências. No final do ano, nas proximidades do Natal, o volume de objetos perdidos que dão entrada na sede da Marechal aumenta aproximadamente 10%.
Título de eleitor está entre os campeões
Lucimar do Carmo/O Estado |
![]() |
Isaura: na DRT, 33 mil carteiras de trabalho esperam seus donos. |
Mais surpreendente do que a quantidade de objetos encontrados em locais públicos é o grande número de documentos perdidos, abandonados ou esquecidos nos órgãos emissores. Um dos mais perdidos costuma ser o título de eleitor, geralmente só utilizado por seus portadores de dois em dois anos.
Como a segunda via do documento é gratuita para pessoas que estão em dia com suas obrigações eleitorais, quem perde a primeira via geralmente nem se incomoda de ir procurá-la no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). ?As vezes chegam até nós alguns títulos que foram perdidos e os guardamos em nosso arquivo. Porém, poucas vezes eles são recuperados. Antes de procurá-los, os eleitores costumam solicitar segunda via, que é disponibilizada de forma gratuita e fica pronta na hora?, explica o chefe do cartório da 176.ª Zona Eleitoral de Curitiba, Dinarte Bianchi.
Em pleno ano eleitoral, é grande o número de pessoas que procuram o TRE porque tiveram o título perdido ou roubado. Em média, o tribunal recebe 150 pedidos de segunda via a cada mês. Com a proximidade das eleições, esse número deve aumentar. A solicitação pode ser feita até dez dias antes da data da votação (dia primeiro de outubro).
DRT
Na DRT, encontram-se 33 mil carteiras de trabalho à espera dos donos. Dessas, 10 mil são em modelo novo e ainda não foram retiradas. As 23 mil restantes são em modelos antigos. Algumas datam das décadas de quarenta e cinqüenta. ?O arquivo da delegacia começou a funcionar em 1994, mas guardamos carteiras bem mais antigas. Elas são mantidas conosco por tempo indeterminado, pois muita gente só se dá conta de que elas foram perdidas quando precisam solicitar aposentadoria ou algum outro benefício?, comenta a supervisora da seção de emprego e salário da DRT da capital, Isaura Meurer.
Na Rodoferroviária, além de objetos, são encontrados perdidos diariamente 1,3 documento, entre carteiras de identidade, carteira de habilitação, CPFs, entre outros. Do total, 31% é retirado pelos portadores a cada ano. Os documentos são mantidos por sete dias no local e posteriormente entregues aos Correios, que os mantêm por 60 dias e posteriormente os devolve aos órgãos emissores.
