Enquanto os presidentes das associações de rádiotáxi e muitos taxistas autônomos estão preocupados com a tramitação do projeto de lei que restringe o uso do táxi ao proprietário da permissão concedida pelo município, com a justificativa de evitar abusos dos donos de concessões sobre os motoristas colaboradores, os taxistas que trabalham vinculados a empresas denunciam estarem sendo explorados e mostram-se preocupados pelo fato da nova lei não atingí-las.
?Particularmente, sou favorável à nova lei, pois existem sim, em Curitiba, muitos donos de táxis que sequer dirigem seu veículo, o utilizando como um investimento e colocando gente para trabalhar por ele?, disse um dos cerca de 200 taxistas empregados em Curitiba, que não quis se identificar.
Ele e seus colegas reivindicam alterações na forma com que são contratados pelas empresas. ?Somos contratados com registro de salário mínimo na carteira, o restante de nosso pagamento depende das corridas que fazemos, mas temos que pagar à empresa por quilômetro rodado?, revelou, explicando que para cada quilômetro rodado ele tem de repassar à empresa entre R$ 0,67 e R$ 1,02, valor por km que diminui de acordo com a distância percorrida.
?Em Curitiba, a bandeira 1 custa R$ 1,60 ao passageiro. Em muitos casos, sobra ao motorista R$ 0,58. E nós ainda temos de pagar o combustível?, calculou.
Um outro taxista revelou que qualquer quilômetro rodado é descontado pelas empresas, seja para volta de uma corrida para um lugar mais afastado ou até para ir para casa e voltar à praça. ?Por isso, muitos taxistas deixam os carros em postos de gasolina e vão para casa de ônibus?, explicou.
Como a volta de uma corrida também é descontada, esse motorista disse que prefere concentrar seu trabalho em pequenos trajetos na região mais central da cidade. ?Só que assim, para assegurarmos uma renda decente, temos de trabalhar até 36 horas direto, para aumentar os quilômetros rodados?, comentou.
Ele lembrou, ainda, que para garantir o 13.º salário, o município autoriza os taxistas a, facultativamente, utilizar a bandeira 2. No entanto, eles são praticamente obrigados a utilizar a tarifa mais cara, uma vez que as empresas também aumentam o valor cobrado pelo quilômetro. ?Em Curitiba, há câmbio negro de placas de táxis. Há até aluguel de permissões?, disse esse outro taxista que também defende o projeto de lei.
A reivindicação dos taxistas que trabalham para empresas, que dirigem 10% da frota da cidade sem compartilhar o veículo, é que as empresas apliquem uma tabela mais justa e que, ao menos, paguem o combustível de seus veículos.
Urbs
O gerente de Serviços de Táxi da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), José Carlos Gomes Pereira Filho, explicou que o único valor estabelecido pelo município é o preço máximo da tarifa, e que todos os condutores de empresas são registrados em carteira com um salário e que os demais vencimentos são estabelecidos por contratos empregatícios. ?Não interferimos na relação de trabalho entre empresas e funcionários?, declarou.
Sobre o projeto que tramita na Câmara, ele disse ainda estar aguardando o andamento das discussões para emitir uma opinião, mas salientou que gostaria que fossem observadas as diferenças no serviço em cada município.
Promessa de protestos na fronteira
Os taxistas de Foz do Iguaçu e Porto Iguaçu, na Argentina, prometem fechar a ponte Tancredo Neves, uma das principais ligações entre o Brasil e o país vizinho, durante a Semana Santa, devido à uma taxa de migração que o governo argentino quer cobrar dos táxis que entram e saem daquele país.
Boatos de que o governo portenho estaria retomando a cobrança da taxa de cinco pesos para os táxis que entrassem ou deixassem o país geraram um clima de protesto na fronteira, que culminou na apreensão de quatro táxis argentinos que participavam das manifestações.
Em solidariedade aos taxistas argentinos, a categoria de Foz do Iguaçu realizou uma manifestação pacífica no último sábado, mas, segundo o presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos de Foz do Iguaçu, Nilton da Rocha, os taxistas podem fechar a ponte que liga as duas cidades no feriado da Páscoa. ?É uma medida drástica que vai prejudicar a população e os turistas, mas é nossa única opção?, disse.
No final do ano passado, o governo instituiu a cobrança da taxa de migração, mas um protesto em conjunto de taxistas do Brasil, Argentina e Paraguai, que fecharam a ponte, conseguiu suspender a cobrança. ?Agora queremos um documento em que a Argentina garanta que não vai mais cobrar isso?, disse Nilton.
