Atrás do volante ou com o pé no asfalto, a rua é uma companheira quase inseparável de Jorge da Silva. Taxista há 40 anos, o catarinense radicado em Curitiba desde os anos 70 descobriu há pouco tempo que é fera nas corridas. E não se trata de automobilismo. Seu Jorge, 65 anos, se apaixonou pelo atletismo e pelas provas de média distância. Em três anos de competições, já faturou 65 medalhas.
A iniciação de Jorge no esporte aconteceu graças ao filho Anderson, professor de educação física. “Quando fiz 55 anos, comecei a frequentar uma academia e, com a orientação dele, iniciei os treinamentos. Em 2010, disputei minha primeira prova de dez quilômetros e, como me senti bem, vi que dava para continuar e melhorar”, conta o taxista atleta.
Gerson Klaina |
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Seu Jorge: me sinto bem melhor para pegar o táxi e enfrentar o trânsito tranquilo, sem estresse. |
Desde então, Jorge vem melhorando não só os seus tempos. “Minha vida melhorou do dia para a noite. Estou com a saúde muito boa. Treino todos os dias de manhã e à tarde trabalho. Me sinto bem melhor para pegar o táxi e enfrentar o trânsito tranquilo, sem estresse. Hoje, quando vejo um jovem correndo, dou os parabéns. Se eu soubesse que era tão bom, tinha começado antes”, afirma.
A participação nas provas chamou a atenção da Rádiotaxi Sereia, central à qual Jorge é associado. “Eles pagam minhas inscrições nas provas e me deram o uniforme. É uma forma de reconhecimento, pois estou com eles há 30 anos. Com certeza, sou um dos taxistas mais antigos ainda em atividade na cidade. O pessoal só quer ficar sentado e comendo porcaria. Então, vai embora cedo”, constata.
Transformações
Em tantos anos na profissão, Jorge acompanhou grandes mudanças na cidade. “Comecei com um Fusca e fiquei com ele por dez anos. Tenho uma coleção de taxímetros antigos. Curitiba mudou muito. Tinha 600 mil habitantes e muito menos carros. Hoje a população se queixa da poucos táxis, mas o problema é a falta de mobilidade. O taxista fica preso no trânsito e demora para atender uma chamada”, avalia.
Seu Jorge garante que o gosto por baixar os tempos e correr mais rápido aparece só na hora de calçar os tênis. “Com essa atividade física diária, no táxi eu sou muito calmo, tranquilo. Ando sempre na marcha lenta, respeitando os limites de velocidade. Só piso um pouco mais no acelerador se o passageiro está com pressa e pede”, garante.