Embora a região sul do País ainda esteja em segundo lugar na prática do trabalho infantil, a quantidade de crianças nessa situação caiu no Paraná de 2007 para 2008, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) 2008 divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Enquanto em 2007 o percentual de pessoas que trabalhavam no Paraná, na faixa etária dos 10 aos 14 anos, era de 12%, no ano passado o percentual caiu para 7,2%. Na região sul, o percentual de pessoas ocupadas, só que dessa vez na faixa entre os cinco e os 17 anos, é de 11,9%, segundo a pesquisa. Na região nordeste, onde a situação é a mais crítica, esse mesmo percentual é de 12,3%.
Em dez anos de 1998 para 2008 – a PNAD acusou uma queda significativa na quantidade de crianças trabalhando no Paraná, na mesma faixa etária. O percentual passou de 14,5% há dez anos, para 7,2%, em 2008.
Apesar dos avanços, muita coisa ainda precisa ser feita. Em todo o Brasil, a queda na porcentagem do trabalho infantil foi de 0,7% de 2007 para 2008, mas 4,5 milhões de crianças ainda são exploradas.
Na opinião da procuradora do Trabalho e coordenadora do Fórum Estadual pela Erradicação do Trabalho Infantil no Paraná, Margareth Carvalho, a educação em período integral, aliada ao incremento das políticas públicas já existentes como o Bolsa Família e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) – seria a base para melhorar a situação das cerca de 70 mil crianças dessa faixa etária que ainda trabalham no Paraná.
Se considerar que há também aquelas na faixa entre os cinco e os nove anos que trabalham, a quantidade pode ser muito maior. Um mapeamento realizado pelo Ipardes em 2006 mostrou que existia já naquela época cerca de 300 mil crianças, nas duas faixas etárias, trabalhando no Paraná.
“A lei de diretrizes e bases de 1996 já preconizava que as escolas deveriam implementar período integral em dez anos, mas até agora são poucas as iniciativas nesse sentido. Se o Bolsa Família fosse incrementado e também incluísse essa exigência, e não só o Peti, seria outro avanço”, avaliou a procuradora.
Crianças na faixa etária dos 14 aos 16 anos podem atuar na condição de aprendiz. Por conta disso, o estado do Paraná mantém o Programa Aprendiz, da Secretaria de Estado da Criança e Juventude.
Regina Bley, coordenadora do programa, acredita que mesmo com todas as iniciativas e a queda nos números, ainda há um caminho longo a ser trilhado para melhorar a condição de vida dessa crianças.
“O acesso à informação e o aperto na fiscalização têm contribuído para as melhorias, mas é preciso que todos os setores se articulem com políticas públicas para tirar ainda mais crianças do trabalho infantil. Mesmo a contratação de aprendizes ainda é pequena, é preciso mais estímulo”, avalia.
Internet atinge mais brasileiros
Flávio Laginski
O número de domicílios brasileiros conectados à rede mundial de computadores aumentou de 2007 para 2008. Os dados divulgados pela PNAD revelam que houve um crescimento 3,8%, passando de 20% em 2007 para 23,8% em 2008 em número de residências com acesso à internet. Em todo o País, são mais de 13,5 milhões de casas que usufruem desse benefício.
Contudo, a pesquisa apontou que o acesso à internet não é dos mais democráticos. As regiões sudeste (31,5%) e sul (28,6%) representam 60% de toda conexão com internet no Brasil.
O centro-oeste vem atrás, com 23,5%, seguido de nordeste (11,6%) e norte (10,6%). Segundo o coordenador do curso de Engenharia da Computação da Universidade Positivo, Edson Pedro Ferlin, existem alguns fatores para essa discrepância.
“Sul e sudeste contam com condições socioeconômicas mais favoráveis que as demais regiões. O parque industrial se concentra mais nesses lugares e são grandes consumidoras da internet. A presença da tecnologia da banda larga é mais forte por aqui também do que no norte, por exemplo” avalia.
Ele diz ainda que o resultado já era esperado. “Não foi surpresa para mim ver esses dados. Por essas e outras questões, não esperaria algo diferente desses números obtidos”, revela.
O coordenador acredita que a tendência é de que o número de residências com internet aumente cada vez mais. “É um rumo natural. Em longo prazo, espero que fechemos em números absolutos os domicílios com acesso à rede”, acredita.
Emprego e salários em destaque
O Paraná foi um dos destaques no crescimento de emprego e no aumento da renda na PNAD. Os dados apresentados mostraram que o Estado obteve uma média superior à nacional.
A taxa de ocupação, que mostra a relação entre a população ocupada e a economicamente ativa, em 1998 era de 92,4%. A última pesquisa mostrou que esse percentual subiu para 95,4%, ou seja, a taxa de desocupação caiu de 7,6% para 4,6%.
A taxa de desocupados com um a três anos de instrução, em 2007, caiu de 3,2% para 1,9%. Caiu também o índice para as pessoas com 8 a 10 anos de estudo: de 8,5% para 7,2%. Os números não foram favoráveis apenas aos trabalhadores sem instrução, uma vez que o índice subiu de 2,8% para 3,2%.
Ao todo, o número de pessoas ocupadas no Paraná somou 5,574 milhões em 2008, o que representa um aumento de 0,72% (mais de 40 mil cidadãos) em comparação à pesquisa de 2007.
O setor de construção foi o campeão na geração de empregos, com aumento de 5,7%(mais 26 mil pessoas, somando 413 mil) e serviços, que subiu 3% (mais 83 mil pessoas, totalizando 2,302 milhões).
O rendimento médio do trabalhador paranaense cresceu de 1998 a 2008. Em 1998, o Paraná tinha um rendimento equiparado à média nacional (R$ 321 contra R$ 314 no Brasil) ao passo que em 2008 a renda passou para R$ 814 contra R$ 701 da média brasileira. (FL)