Andar de ônibus está mais caro em toda Curitiba e região. Além do aumento da tarifa para R$ 2,85 na cidade e na Rede Integrada de Transporte (RIT), as linhas metropolitanas sem integração com o sistema tiveram reajuste médio de 10%. Maior prejudicada pelo alta da passagem, a população faz as contas do prejuízo.
Os novos valores das tarifas nas linhas que não fazem parte da RIT foram anunciadas ontem pela Coordenadoria da Região Metropolitana de Curitiba (Comec). São 82 linhas, em que as passagens variam de R$ 2,40 (Campo Largo / Balsa Nova) a R$ 4,00 (Agudos do Sul). A tabela completa está na página do governo na internet (www.aen.pr.gov.br/arquivos/File/Resolucao12013.pdf).
A chance de recarregar o cartão-transporte pagando ainda a antiga tarifa de R$ 2,60 levou milhares de pessoas à sede da Urbs, na rodoviária durante todo o dia de ontem. “Estamos perdendo bom dinheiro. Esse aumento de 25 centavos é demais e pesa no bolso de quem trabalha”, dizia o auxiliar de produção Antônio Silva. Antônio mora no Pilarzinho e para ir e voltar da empresa onde trabalha, na Cidade Industrial, paga quatro passagens diariamente. Para ele, o aumento da passagem vai representar gasto extra de cerca de R$ 65 por mês. “Eu já achava caro R$ 2,60. Dizem que o transporte de Curitiba é o melhor do Brasil, mas para quem anda na CIC ou no Cajuru, de melhor não tem nada”, reclama.
Integração
Para quem mora nos outros municípios da região metropolitana, a maior preocupação é com o possível fim da integração, que está ameaçada pela falta de acordo entre a prefeitura e o governo. “Estamos todos assustados com essa possibilidade. Eles têm que chegar a acordo, porque não podemos pagar a conta dessa briga”, diz a zeladora Libraína da Paixão. Moradora do Jardim Acrópole, na divisa com São José dos Pinhais, diz que precisa pegar quatro ônibus, um deles de linha metropolitana, para chegar ao seu local de trabalho, no Bacacheri. Apesar de embarcar oito vezes por dia, paga duas passagens.
Se a integração acabar, Libraína diz que seu gasto com locomoção pode até dobrar. “Seria um desastre para toda a população da região metropolitana”, conclui.
Governo nega outras medidas
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A briga política entre o governo e prefeitura em torno da tarifa do transporte coletivo ganhou mais um capítulo ontem. O secretário de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Junior (foto), questionou a planilha de custos apresentada pela Urbs, que serviu como base para o cálculo do novo preço da passagem.
Ratinho diz que não sabe como a Urbs chegou ao valor de R$ 2,85 para a tarifa. “Ainda não vi pesquisa de origem e destino, com estudo científico que explique esse cálculo. Os números da Urbs sobre a média de quilômetros percorridos por passageiro não batem com os dados da Comec. Pelos nossos cálculos, o peso da região metropolitana não é tão grande quanto o que a prefeitura apresenta”, afirma.
O secretário chamou de “tragédia” a possível desintegração do sistema de transporte da região metropolitana, mas diz que o governo não tomará novas medidas além da isenção de ICMS para o óleo diesel, anunciada na semana passada. “Temos a maior boa vontade de manter a rede integrada, que é uma conquista da população. Mas o governo já fez a sua parte”, ressalta.
Reajuste
Apesar dos questionamentos, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e a Comec homologaram o reajuste de 9,6% anunciado pela prefeitura. Já a isenção do ICMS do diesel, que pode reduzir em até quatro centavos o valor da tarifa, está travada na Assembleia Legisl,ativa. O projeto deveria ser votado ontem, mas foi retirado da pauta a pedido do líder do governo, deputado Ademar Traiano (PSDB).