A tarifa de ônibus na Rede Integrada de Transporte (RIT) de Curitiba e região subirá para R$ 2,85 a partir de amanhã. O novo valor foi anunciado no final da tarde de ontem pela Urbs, que administra o transporte coletivo. O reajuste representa aumento de 9,6% sobre o preço atual da passagem, de R$ 2,60. A tarifa domingueira passará de R$ 1 para R$ 1,50. Na linha Circular Centro, o aumento é de R$ 1,60 para R$ 1,70, e na Linha Turismo, de R$ 27 para R$ 29.

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Acordo entres motoristas e cobradores e as empresas de ônibus permitiu o anúncio da nova tarifa. Também contribuíram para o reajuste as altas dos preço dos combustíveis e lubrificantes (12,3%), pneus (7,8%), peças e acessórios (1,17%) e veículos (1,01%). Ainda foi levada em conta a redução de 2,1% no total de usuários do sistema, o que significa 500 mil passageiros a menos por mês.

O valor de R$ 2,85 é equivalente à chamada tarifa técnica (valor pago pela prefeitura às empresas, que reflete o custo real do sistema) calculada apenas para Curitiba. Para os municípios da região metropolitana, a tarifa técnica foi calculada em R$ 4,20. A média entre os dois valores é a tarifa técnica da RIT, que ficou em R$ 3,13.

Integração

A diferença de 28 centavos entre a tarifa técnica da RIT e o valor da passagem está no centro da disputa entre a prefeitura de Curitiba e o governo, que ameaça o sistema integrado. Atualmente, é coberta pelo governo, através de subsídio. Mas o governador Beto Richa já anunciou o fim do benefício a partir de 7 de maio.

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Ontem, o prefeito Gustavo Fruet declarou que essa diferença, que chega a R$ 7 milhões por mês, ficará por conta da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec). Mas o presidente da Urbs, Roberto Gregorio da Silva Junior, diz que os órgãos estão negociando uma saída. “Estamos empenhados em manter a integração a todo custo”, garante. Através de nota, a Comec diz que só vai comentar o assunto após ser informada oficialmente sobre as declarações do prefeito.

Correção acima da inflação

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Desde o início do Plano Real, em julho de 94, a tarifa de ônibus na cidade acumula aumento de 612,50%. Isso representa incremento de 62,42% acima da inflação no período, que teve variação de 338,68% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), indicador usado na maioria das negociações salariais. “Quem teve só a reposição da inflação teve perda do poder de compra por causa do aumento do custo e da queda do número de passageiros por quilômetro rodado”, analisa o economista Sandro Silva, do Dieese.

“É complicado ficar discutindo só a questão do valor e do subsídio se o transporte coletivo tem problemas, não tem transparência nem controle social, com metodologia dos anos 80, sem atualização dos coeficientes técnicos de consumo”, aponta. Segundo o economista, desde 1995 a quilometragem rodada e a frota cresceram mais de 50%, enquanto a quantidade de pagantes diminuiu de 26,5 milhões para 25,7 milhões anuais. “Há várias discussões pontuais que poderiam reduzir a tarifa técnica. Se os contratos não forem rediscutidos, não vamos sair do lugar”, comenta.

Valor pode ser alterado

A tarifa de R$ 2,85 pode mudar em breve. O valor anunciado ontem não levou em conta a isenção do ICMS sobre o óleo diesel anunciada na semana passada pelo governador Beto Richa. A medida, que será votada hoje pela Assembleia Legislativa, pode ter impacto de até cinco centavos na passagem. Também existe a expectativa de anúncio de des,oneração tributária por parte do governo federal. “Essa questão tributária está sendo avaliada nas esferas federal, estadual e municipal. Quando isso for definido, é plenamente plausível que haja redução da tarifa”, diz o presidente da Urbs, Roberto Gregório. Porém, outro fator pode pressionar a tarifa para cima nas próximas semanas. Dentro de 15 dias, termina o prazo para que as empresas acabem com a dupla função dos motoristas que também atuam como cobradores. “Se houver impacto superior a 5% no valor da tarifa isso será repassado às empresas, mas não significa que chegará ao usuário”, afirma Gregório.

Créditos

Quem quiser aproveitar o preço de R$ 2,60, antes que o aumento comece a valer, pode comprar créditos para o cartão transporte até hoje. As passagens podem ser adquiridas na sede da Urbs, na rodoviária, onde o valor fica disponível para utilização na hora. A compra de créditos do sistema de transporte coletivo também pode ser feita pela internet, pelo site da Urbs. Para a compra online, no entanto, o usuário tem de pagar tarifa bancária de R$ 1,50 e os créditos são liberados em até 72 horas.

Reajuste de 10,5%

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Os motoristas e cobradores e as empresas de ônibus chegaram ontem a acordo sobre o reajuste salarial da categoria. Em audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), patrões e empregados concordaram com a proposta de 10,5% de aumento nos salários, 50% de elevação no vale-alimentação e abono de R$ 300, dividido em duas parcelas.

Com o reajuste, os motoristas passarão a receber R$ 1.661 e os cobradores, R$ 940,80. “Entendemos que não é o valor merecido, mas diante das dificuldades é uma conquista dos trabalhadores”, avalia o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região (Sindimoc), Anderson Teixeira (foto).

Anderson diz que o sindicato encomendou um estudo para averiguar o real impacto do reajuste sobre a tarifa. “Não vamos permitir que a categoria seja apontada como vilã do aumento da passagem”, afirma.

Auditoria

A prefeitura de Curitiba anunciou ontem auditoria na Urbs, no Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC) e nos três consórcios de empresas que operam no sistema de transporte da cidade. “Semana que vem será lançado o edital para contratação da empresa que realizará a auditoria. Esperamos que dentro de três meses já tenhamos os resultados”, diz o presidente da Urbs, Roberto Gregório. O objetivo é “acabar com qualquer dúvida” sobre o transporte coletivo. “Estamos buscando apoio da PUC-PR e UFPR para que participem da auditoria”, afirma.