Os planos de saúde também são alvo de críticas por parte dos médicos, que reivindicam melhores pagamentos. A categoria argumenta que há uma década não recebe aumentos significativos – ou nem mesmo isto – e que as operadoras de planos de saúde não têm interesse em negociar. Diante da defasagem nos valores, cada vez mais médicos optam pelo descredenciamento e passam a atender apenas por consultas particulares.
Atualmente, os valores pagos pelos planos para as consultas médicas variam entre R$ 27 e R$ 47, sendo que o valor pleiteado é de no mínimo R$ 100. Até agora, apenas um convênio de saúde decidiu reajustar o valor após negociação. E mesmo assim ficou abaixo do pretendido.
A consequência de tudo isto está sendo o descredenciamento individual. “Em alguns municípios e especialidades, isto ficou bem evidente. Os usuários tiveram que arcar com reajuste de 135% nos últimos 10 anos, enquanto os médicos não receberam na mesma proporção”, esclarece João Carlos Baracho, presidente da Associação Médica do Paraná (AMP). Dentro deste cenário, o médico que continua credenciado reduz o tempo de consulta para atender mais pacientes e, com o volume, conseguir arrecadar o que precisa.
O profissional que passa a atender somente particular sente inicialmente a queda na quantidade de pacientes. No entanto, eles retornam para ter um atendimento diferenciado e feito por quem já conhece o histórico deles, mesmo tendo que pagar à parte. Foi o que aconteceu com o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Alexandre Bley. “Primeiramente os pacientes vão procurar outros médicos, mas não se sentem confortáveis e voltam. A espera por uma consulta era de quatro meses quando eu atendia oito planos. Quando descredenciei, caiu para 10 dias e já está em 40 agora”, conta.
Ele ainda defende o uso mais racional dos planos de saúde por parte dos usuários, para evitar demora no atendimento em prontos-socorros com casos sem urgência. Ou mesmo a quantidade de idas aos consultórios sem necessidade “somente porque está pagando”.