O gerente de relações institucionais da Syngenta, Guilherme Landgraf Neto, disse ontem que a empresa está recuperando a estrutura da estação experimental em Santa Tereza do Oeste, ocupada durante 16 meses por integrantes da Via Campesina, para voltar a investir nas pesquisas com sementes geneticamente modificadas em terras paranaenses. A multinacional obteve recentemente a reintegração de posse da fazenda na Justiça e, segundo o gerente, ainda está contando os prejuízos verificados no local.
Landgraf garante que a empresa não teme investir no Paraná, nem pela proximidade dos sem terra (que estão acampados ao lado da estação) nem por possíveis manobras do governo para impedir os experimentos: ?As pesquisas ali são fundamentais para atender à demanda do Sul do Brasil?, justifica.
Guilherme Landgraf esclarece que, em face do pouco tempo desde a retomada (menos de dois meses), ainda é cedo para quantificar os danos ocasionados não apenas pela presença da Via Campesina, mas também pela paralisação nas pesquisas. ?Estamos em fase final de avaliar prejuízos materiais, danos ambientais (árvores nativas teriam sido cortadas) e o dano à pesquisa, pois não concluímos a colheita da safra anterior e deixamos de plantar a que passou?, afirma.
A empresa já limpou a área, está plantando mudas nativas e reequipando a fazenda. Ainda segundo o gerente, aveia foi plantada na fazenda para obter palha e permitir o plantio direto de soja, a maior parte dela não transgênica. ?Hoje, grande parte de nosso portfólio é de material convencional. A transgênica foi liberada há pouco tempo.? A Syngenta ainda tenta a liberação das pesquisas com a variedade de milho BT11 (espécie resistente ao ataque de insetos) para a estação experimental localizada no Paraná.
Pesquisas
De acordo com Landgraf, a estação paranaense é fundamental para sua vertente de mercado de sementes, especialmente nos estados do Sul do País e na região sul de São Paulo. ?Existe necessidade de aclimatação da pesquisa?, explica. Em face da resistência do governo Requião frente aos experimentos e do recente alerta feito pelo presidente da Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar), Valdir Izidoro Silveira, do risco de contaminações ambientais por causa dos experimentos transgênicos, ele contrapõe dizendo que as pesquisas são para atender a uma demanda crescente de agricultores e que respeitam a legislação em vigor. ?Se essa tecnologia não fosse amplamente aceita, não a estaríamos desenvolvendo. E temos segurança em investir no Paraná, haja vista nossas vitórias na Justiça paranaense?, enfatiza.
A expectativa da Syngenta é que haja material originário na estação paranaense disponibilizado à comercialização já para a próxima safra (2007/2008).
