A morte de Almir Rodrigues da Cunha pode ser a primeira por febre amarela no Paraná. Ele faleceu no final da tarde da última terça-feira, no Hospital Santa Rita, em Maringá, norte do Estado. Depois de passar quase 15 dias em Caldas Novas, Goiás, o rapaz retornou para o município paranaense já com os sintomas. Foi internado no último domingo, sendo transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital na segunda-feira.
Como explicou o coordenador da UTI do Hospital Santa Rita, José Ramos, Cunha morreu com falência múltipla de órgãos. ?Ele foi internado no final da tarde do domingo, mas precisou ser transferido para a UTI na segunda-feira. Ele entrou já com um quadro comprometido e foi para a UTI com falência respiratória, hepática e insuficiência renal. Antes de ser internado, o paciente já estava há alguns dias, em casa, tratando os sintomas (a febre e as dores) com analgésico?, diz o médico.
Ainda segundo Ramos, as suspeitas sobre um possível caso de febre amarela apareceram devido ao quadro clínico que o paciente apresentou. ?Era semelhante ao quadro clínico da doença. O diagnóstico clínico e epidemiológico é de provável febre amarela. Porém, a confirmação virá somente com os exames (de isolamento do vírus)?, afirma. O médico completou que o quadro clínico do paciente também pode ser de formas graves de outras doenças, como dengue ou leptospirose.
Para o secretário de Saúde de Maringá, Antônio Nardi, ?trata-se de uma suspeita ainda não confirmada, agravada pelo paciente ter estado numa área de risco?. Segundo ele, o paciente esteve em Caldas Novas entre os dias 20 de dezembro e 1.º de janeiro. ?Ele chegou em Maringá entre os dias 3 e 4 deste mês, já apresentando os sintomas. Há suspeitas de que seja febre amarela. Ontem, colhemos o soro e encaminhamos para o Laboratório Central do Estado (Lacen), em Curitiba?, comenta.
Segundo Nardi, mesmo que se confirme a doença, ?não se trata de um caso local?. ?O Paraná é um dos estados em alerta, mas não é região endêmica de risco. A vacina contra a febre amarela faz parte da rotina em todas as nossas unidades?, garante. O secretário ainda diz que, no próximo sábado, a secretaria estará aberta para intensificar a vacinação contra a enfermidade, principalmente para atender as pessoas que viajarão para as áreas de risco.
Estado
Em nota oficial, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) afirmou que ?o óbito ocorrido em Maringá foi por Síndrome ictero-febril hemorrágica aguda (quadro clínico presente em doenças como a hantavirose, febre amarela, dengue e leptospirose) e foi informado ao Estado, através da 15.ª Regional de Saúde, ontem, tendo como primeira hipótese leptospirose. Foram colhidos os exames laboratoriais para todos os principais diagnósticos diferenciais etiológicos: leptospirose, hantavirose, dengue e febre amarela?.
Ainda segundo a Sesa, os resultados dos exames devem sair em até 15 dias. ?Quanto a febre amarela não há registro de caso no Estado tanto em humanos quanto em macacos, no entanto, a secretaria está intensificando as ações de vigilância epidemiológica?, traz o texto.
Procura por vacina está cada vez maior
Foto: Ciciro Back |
Unidades de saúde de Curitiba estão aplicando várias doses desde o início do ano. |
Em Curitiba, a procura pela vacina contra a febre amarela está cada vez maior. Enquanto em todo o mês de janeiro de 2007 foram aplicadas 822 doses, apenas nos sete primeiros dias deste mês foram 689.
Segundo a enfermeira da Central de Vacinas da Secretaria Municipal de Saúde, Raquel Farion, esse aumento se justifica pelos recentes alertas em relação à doença.
?As pessoas que tomam a vacina geralmente são as que vão viajar para as áreas de risco. A vacina é bastante eficaz e está disponível em todas as unidades de saúde do município?, afirma. Segundo ela, o ideal é que seja aplicada dez dias antes da viagem. ?Apenas aqui na unidade da Praça Ouvidor Pardinho foram aplicadas 250 doses entre os dias 2 e o dia 8. Ontem, a procura também foi grande?, comenta.
Entre as pessoas da fila, naquela unidade, estava a família Rodrigues. O casal Alexandre e Fernanda e as filhas Amanda, de 11 anos, e Rafaela, 9, vão para Aparecida, São Paulo, e quiseram se prevenir. ?Antes da gente, tem 18 para tomar a vacina. Com certeza prevenir é melhor. Além do fato de que vamos viajar, sou motorista de turismo e estou sempre viajando, às vezes para os locais de risco?, comenta o pai.
Lenora Donatz também vai viajar com os dois filhos, um de nove e outro de oito anos. ?Estamos indo para Belém, no Pará, e por isso nós todos tomamos a vacina. Depois desse alerta sobre a doença, fiquei com medo?, diz a mãe.
Em Maringá, a procura também está maior. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, ?cerca de 1,2 mil pessoas foram vacinadas?.