Ainda são poucas as pessoas surdas que conseguem entrar no mercado de trabalho. Além da dificuldade de comunicação, a baixa escolaridade é outra barreira que costuma fechar muitas portas. Ontem foi comemorado o Dia Nacional do Surdo e em todo o País foram realizadas atividades para discutir os direitos dos deficientes auditivos à educação, mercado de trabalho e lazer.

Em Curitiba um grupo discutiu a inclusão da pessoa surda no ensino superior. Devido às dificuldades de comunicação e até para pagar mensalidades, muitos nem sequer pensam em fazer o terceiro grau. Giovani Santos França, 25 anos, está quase acabando o ensino médio, mas não pensa em continuar os estudos. Além das dificuldades financeiras, encontra barreira na língua, pois se comunica pela linguagem de sinais.

Hoje ele está no seu primeiro emprego, mesmo depois de fazer vários cursos encontrava dificuldades para entrar no mercado de trabalho. Graças a um convênio entre os Correios e a ONG Voz do Silêncio ele conseguiu a colocação. “Agora posso ajudar em casa”, diz. Eunice Ronconi, 34 anos, também trabalha na empresa. Conta que depois que perdeu o último emprego não conseguia trabalho. “Eu só tinha estudado até 5.º série e eles exigiam maior escolaridade”, fala. Agora ela também pode contribuir com a renda mensal da família. “Ajudo a sustentar os meus três filhos”, diz. Ela está terminado a 8.º série e gostaria de chegar ao nível superior. “O problemas são as mensalidades”, comenta. Diz que três surdos cadastrados na Ong conseguiram passar no vestibular este ano, mas nenhum tem como pagar o curso.

Para a presidente da Ong, Erica Maria Maestri, a sociedade precisa proporcionar mais oportunidades de trabalho. Muitos empresas exigem surdos com deficiência leve e isto deixa a maioria de fora. Ela destaca a parceria feita com os Correios. Uma assessora de deficientes auditivas ajuda nas atividade diárias e no treinamento dos funcionários. O coordenador Acácio Riomar, conta que no início a adaptação foi difícil, mas aos poucos, eles começam a se entender. Além disto há a ajuda da tradutora. “Eles são funcionários muito comprometidos, não gostam de nada errado”, diz. Na própria empresa os funcionários estão tendo a oportunidade de terminar o 2.º grau. Segundo, Erica muitas vezes a própria família é uma barreira para o deficiente, pois acabam investindo só nos filhos que não apresentam a deficiência. Muitas escolas também não estão preparadas para trabalhar com estes alunos.

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