Supletivos dão golpe em estudantes no Paraná

Concluir o ensino fundamental e médio em 45 dias. Ou ainda concluir os estudos em menos de um ano com direito a uma viagem. Com propostas enganosas como estas é que escolas de alfabetização de jovens e adultos irregulares – os chamados supletivos – estão dando o golpe no Paraná. Estes estabelecimentos não são credenciados pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) para funcionar, e o aluno só descobre a farsa quando não recebe o certificado válido de conclusão de curso. Além deste problema, existe o prejuízo financeiro, pois as escolas chegam a cobrar de R$ 100 a R$ 200 por mês pelo curso, além da matrícula.

Tal tipo de situação, comenta a diretora comercial do Centro Integrado de Educação para Jovens e Adultos Professor Sebastião Nascimento Filho, Maria Conceição Tomazi, é crescente. ?Todos os dias nós recebemos alunos que relatam esse problema. Muitos deles só ficam sabendo que a escola era irregular quando o certificado não foi aceito no trabalho ou na universidade?, disse. Ela lembra o caso de um aluno que concluiu o ensino médio em uma das escolas e agora, quando está prestes a se formar no curso superior, é que descobriu que o certificado não era válido.

Maria Zanetti: ?Cursinhos de preparação?.

Outro golpe comum, comenta a diretora, é de uma escola que oferece no ?pacote? de conclusão dos estudos uma viagem ao Rio de Janeiro. ?Nessa viagem os alunos recebem provas preenchidas e voltam com um certificado de uma escola que só tem permissão para funcionar naquele estado?, revela. Também existem outras que oferecem os ensinos fundamental e médio no mesmo período. Um fator que acaba influenciando para que cada vez mais alunos sejam enganados é o imediatismo, avalia o coordenador pedagógico do centro, Leandro Muchinki. ?Muitos buscam o menor tempo para concluir os estudos e não se preocupam com a qualidade?, disse.

Denúncias

De acordo com a chefe do Departamento de Educação de Jovens e Adultos da Seed, Maria Aparecida Zanetti, em todo o Parana existem 39 escolas privadas autorizadas para funcionar, além de mais de 600 que são gratuitas. Para conseguir a autorização, elas precisam ingressar com um processo na Seed e comprovar diversas exigências, como a carga pedagógica, a matriz curricular e o regimento escolar. O processo é encaminhado ao Conselho Estadual de Educação, que é quem concede ou não a autorização – que precisa ser renovada a cada cinco anos.

As que funcionam sem essa documentação, comenta Maria Aparecida, são os chamados ?cursos livres?, que oferecem cursos preparatórios para o exame das escolas autorizadas. ?Mas elas não certificam, não têm autorização para isso. Funcionam apenas como cursinhos de preparação?, ressaltou. Pela legislação, os alunos precisam de no mínimo 1.440 horas aulas presenciais – uma média de três horas semanais -, o que torna impossível terminar o curso em menos de um ano. Ela ressaltou que ao invés de pensar apenas no certificado, o aluno precisa analisar a qualidade do ensino. ?Se engana o trabalhador que pensa que com o certificado terá emprego?, ponderou.

A chefe da Seed confirmou que a secretaria já fechou diversas escolas irregulares, e que para poder continuar atuando precisa da colaboração das pessoas em denunciar a situação. Além da internet – através do site www.pr.gov.br no ícone Ouvidoria -, a denúncia também pode ser feita através dos telefones (41) 3340-1538 e 3340-539, ou fax (41) 3342-4930. 

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