Um ano de desespero, mas sem perder as esperanças. Assim tem vivido a família da estudante paranaense Carla Vicentini, de 22 anos, que desapareceu no dia 9 de fevereiro de 2006 da cidade de Newark, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. A jovem, que é de Goioerê, na região centro-oeste do Paraná, viajou em janeiro do ano passado para fazer um intercâmbio. Porém, pouco mais de um mês após desembarcar na cidade norte-americana não deu mais notícias, deixando a família em pânico no Brasil.
A mãe da jovem, Tânia Vicentini, afirma que não consegue mais imaginar o que poderia ter acontecido com a filha, que segundo ela, era muito atenciosa e sempre entrava em contato com a família. Ela conta que desde que recebeu o telefonema avisando sobre o desaparecimento de Carla, a vida em sua volta parou. ?Meu mundo caiu. É muita dor, ansiedade, sofrimento. Às vezes penso que estou em um sonho e a qualquer momento alguém vai me acordar?, disse.
Carla estava cursando Engenharia Têxtil na sua cidade natal, quando decidiu ir para os Estados Unidos. Inicialmente, ela foi para a cidade de Dover, no mesmo estado, onde trabalhou em um restaurante por quatorze dias. Segundo Tânia, a filha resolveu seguir para Newark porque não tinha boas condições de trabalho e hospedagem. No novo endereço – que pertencia a um conhecido da família – ela foi vista pela última vez. De acordo com Tânia, a filha foi morar com uma amiga, que trabalhava em um bar quase em frente ao apartamento onde ambas moravam.
Na noite do seu desaparecimento, Carla teria ficado nesse bar até meia-noite. Depois, saiu do local com um americano, com quem teria conversado. Desde então, ela não foi mais vista. De acordo com Tânia, a polícia norte-americana investigou todas as pistas possíveis para tentar localizar a estudante. Mais de cem pessoas foram interrogadas. Diversos outdoors com a foto da menina foram colocados em Nova Jersey. Mas até hoje ninguém sabe do paradeiro de Carla. Em maio, Tânia foi aos Estados Unidos para acompanhar as investigações. Ela conta que conversou com todos os policiais envolvidos no caso, bem como com pessoas que teriam tido contato com a jovem, como intercambistas e vizinhos, mas sem sucesso.
Morte
Em setembro, a família novamente se encheu de esperanças, já que a polícia americana nomeou o detetive brasileiro Ervando Saramago para cuidar do caso. Porém, até hoje, não conseguiu avançar em nada. ?O detetive me disse que, em vinte anos de profissão, nunca viu um caso assim. Como uma pessoa pode desaparecer como fumaça, sem deixar um fio de cabelo para trás??, pergunta Tânia.
Ela afirma que muitas pessoas estão comparando o caso de Carla com a da ex-miss Brasil, Taíza Thomsen, que não dava notícias a família desde setembro, após viajar a Europa a trabalho. ?É muito diferente, pois em quinze dias ela foi encontrada. Pelo que conheço da minha filha, pelo carinho com que foi criada e pelo laço afetivo da nossa família, nunca nos deixaria sem notícias. Ela estava lá realizando um sonho, e não fugiria dela mesma?, disse. Tânia agradece todo o trabalho de investigação feito até agora, mas pede para que não cessem as buscas. E confessa que não larga por um minuto o telefone na expectativa de receber notícias. ?Sei que vai ser por telefone que a notícia vai chegar?, falou. ?Isso tudo que temos passado é infinitamente maior do que saber que ela morreu, pois se isso tivesse acontecido sei que iríamos sofrer, mas viver nesse tormento sem saber o que aconteceu é muito pior?, finalizou.