Sudoeste é a região que mais sofre com a estiagem

Não bastassem os prejuízos na agricultura, que em alguns municípios passam de 50% da produção, a estiagem já causa falta de água na região Sudoeste do Paraná. Além de Realeza, a primeira cidade a decretar situação de emergência no Estado, a Sanepar tenta resolver problemas de abastecimento em Pranchita, Flor da Serra do Sul, Capanema, Planalto, Nova Prata do Iguaçu e Santa Izabel do Oeste, cidades que não recebem chuvas regulares desde meados de outubro.

Segundo a Sanepar, a situação mais crítica é a de Pranchita, a 100 quilômetros de Francisco Beltrão. Para conseguir abastecer a cidade, a companhia está trazendo água do município de Santo Antônio do Sudoeste, por meio de tubulação. Em alguns rios da região, o nível da água está 70% inferior ao normal e a empresa está tendo de tomar uma série de medidas operacionais para evitar o racionamento.

Na região Norte, que também enfrenta problemas nas lavouras, ainda não está faltando água, mas em algumas cidades, como Curiúva, Assaí, Rancho Alegre e Jandaia do Sul, pode haver racionamento se não chover nos próximos dias. Em Londrina e Maringá – que, nos primeiros dias do ano tiveram o registro pluviométrico de 12,5 mm, enquanto a média histórica para o mês de janeiro é de mais de 200 mm – o abastecimento segue normal.

A Sanepar informa que, em Curitiba, as barragens do Iraí, Piraquara e Passaúna estão no nível máximo, não havendo risco de desabastecimento. Mesmo assim, devido ao consumo exagerado, alguns bairros têm sofrido com a falta de água nos horários de maior pico. Já na Região Metropolitana, o aumento no consumo tem deixado algumas cidades em alerta, ocorrendo falta de água esporádica nos momentos de maior demanda. A redução na vazão dos poços do Karst tem provocado dificuldades no abastecimento de Almirante Tamandaré. A situação também está preocupante em Contenda, São Luís do Purunã, Bugre, Trigolândia e Vila Mota.

De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, as chuvas de ontem limitaram-se, mais uma vez, a pancadas esparsas, as chamadas "chuvas de verão". Distribuídas por todo o Estado, com menos incidência na região Norte, mas bastante irregulares, essas chuvas pouco contribuem para a solução dos problemas causados pela estiagem. As regiões Sul e Central foram as que receberam maior intensidade de chuva. Em Tibagi, Reserva e São Mateus do Sul chegou a chover granizo. Em Guarapuava, 25 casas foram destelhadas pelo temporal. E esse deve ser o panorama até o final de semana: pancadas todos os dias, mas sem volume considerável.

Seca atrapalha plantio da segunda safra da batata

Gisele Rech

A batata, grande vilã da cesta básica nos últimos meses do ano, já tem 6,1% de colheita da área cultivada, comprovando a antecipação em relação às safras anteriores. Porém a estiagem vem impedindo o produtor de iniciar o trabalho da segunda safra, também chamada de safra seca. A falta de água no solo está prejudicando a germinação e apenas 15,4% da área estimada está plantada. A informação é do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

A cebola, que também está com a colheita adiantada em relação a 2005, já teve 93,1% dos bulbos colhidos. Entretanto, apenas 36% das áreas a serem ainda colhidas são consideradas de boa qualidade. O feijão, que já teve 64,7% da colheita da safra das águas concluída, também tem um número considerável de áreas ruins e regulares no que resta da colheita. As condições para a lavoura são desfavoráveis para 64.253 hectares. A segunda safra, também devido à estiagem, está com atraso no plantio e, até o momento, apenas 14,5% da área foi semeada.

Se as chuvas não vierem logo, o comprometimento das lavouras de milho continuará grande. Nada menos que 45% delas são consideradas em condições desfavoráveis. As primeiras áreas da safra atual já estão sendo colhidas na região Sudoeste, em Francisco Beltrão e Pato Branco, e a produtividade obtida até o momento é inferior ao esperado para a região.

Também sofrendo com a falta de chuvas, mas em menor escala, a soja encontra-se com 22% da área cultivada em desenvolvimento vegetativo, 47% em floração, 28% em frutificação e apenas 3% em maturação. Com início da colheita antecipado em relação a 2005, as áreas cultivares precoces ficam na região Oeste, no Núcleo Regional de Cascavel. A produtividade obtida até agora é de 110 sacas por alqueire paulista (2.727 kg por hectare).

Reflexos

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – Fetraf-Sul/CUT – reuniu ontem sua cúpula no Paraná para debater os reflexos da estiagem no Estado. De acordo com o coordenador da Fetraf-Sul/CUT no Paraná, Marcos Rochinski, ficou marcada para hoje uma reunião entre as lideranças nos três estados do Sul para unificar uma pauta de reivindicações.

No entanto, Rochinski já adiantou que a preocupação maior do sindicato é que grande parte dos agricultores atingidos não tem a produção segurada pelo Proagro e, por isso, não tem direito a nenhum ressarcimento. "Reivindicaremos a criação de um programa emergencial, semelhante ao Bolsa Estiagem adotado ano passado". Outra preocupação do sindicato é cobrar das autoridades estaduais e municipais medidas para garantir o abastecimento ou auxiliar as propriedades que estão sem água na perfuração de poços artesianos.

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