Valquir Aureliano / O Estado
O pronto-socorro atendia 250 pessoas por mês.

A Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá suspendeu os atendimentos por tempo indeterminado. Com uma dívida de cerca de R$ 3 milhões e sem recursos para a realização de atendimentos básicos, o único hospital da cidade que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS) depende agora de uma decisão do governo estadual e da Prefeitura para evitar seu fechamento.

De acordo com o provedor da Santa Casa, Olavo Muniz de Carvalho, dois fatores influenciaram na paralisação: o limite da verba do Sistema Único de Saúde (SUS) repassada à instituição e o corte da cooperação financeira municipal. O Estado repassa para a instituição através do SUS R$ 200 mil por mês, quantia insuficiente, segundo o provedor. Olavo destaca que R$ 50 mil ficam destinados para os honorários dos médicos. Outros R$ 100 mil são destinados para a folha de pagamento dos funcionários, restando R$ 50 mil para a manutenção do local e dos equipamentos, compra de insumos e medicamentos. Para complicar a situação, desde março, a Prefeitura não repassa os R$ 120 mil de cooperação financeira. Olavo explica que entrou em contato com a Prefeitura de Paranaguá, mas ressaltou que não conseguiu explicação por parte do prefeito Mário Roque. “O limite estipulado pelo Estado já foi um golpe para a instituição. O corte da cooperação por parte da Prefeitura foi mortal. Sem esses recursos não há como continuar com os atendimentos”, reclama o provedor.

Proposta

Na quarta-feira, o conselho deliberativo da instituição teve uma reunião com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e, mesmo com a posição do governo em evitar o problema, os conselheiros decidiram por sete votos a um pela paralisação nos atendimentos.

A proposta do governo era de que a instituição permanecesse em funcionamento por mais 15 dias e fizesse uma lista de medicamentos necessários para a continuidade do serviço. Como o conselho decidiu pela paralisação, outras propostas terão que ser discutidas entre o Estado e o município. “A saúde de Paranaguá está nas mãos dos dois órgãos. Alguma solução tem que ser tomada. Enquanto isso, quem sofre é a população.”

A Santa Casa atende à população de sete municípios da região e chega a dar assistência, durante o verão, a cerca de um milhão de pessoas. A instituição atende por mês 250 pessoas no pronto-socorro, realiza 300 partos e disponibiliza 105 leitos para os pacientes. No momento, os atendimentos estão sendo transferidos para as unidades de saúde 24 horas da cidade. A instituição também é a única que apresenta uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em todo o litoral paranaense. Os 42 pacientes que se encontram no hospital geral e as 29 gestantes vão permanecer na Santa Casa até receberem alta.

Reunião

Representantes da sociedade organizada de Paranaguá foram recebidos ontem pelo chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, para solucionar o problema. O diretor-geral da Secretaria de Estado da Saúde, Carlos Manuel Santos, também participou da reunião. “O que está ocorrendo é um irresponsabilidade. A população não pode ficar desamparada”, defendeu Quintana. O chefe da Casa Civil disse também que o governador Roberto Requião tem um carinho especial pela cidade e que o governo vai encontrar uma solução. “Estamos estudando os meios jurídicos e financeiros para resolver o problema”, informou Quintana, que hoje vai levar a questão ao governador e ao procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda.

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