Solução para voos atrasados por causa da neblina vai demorar

Neblina impedindo pousos no Afonso Pena é tão frequente nesta época que já virou notícia batida. Segundo a Infraero, até ontem, o aeroporto internacional ficou 61 horas e 27 minutos fechado por causa de nevoeiros. Em 2012, só de janeiro a maio, foram 80 horas de interdição. A solução para reduzir o tempo de suspensão dos voos em virtude do mau tempo ainda vai demorar um pouco. De acordo com a Infraero, a instalação do ILS (sigla em inglês para instrumento de sistema de pouso) categoria 3 está prevista para dezembro de 2014.

O ILS 3 é um equipamento instalado em diversos pontos dentro e fora do aeroporto, permitindo aos pilotos pousar a aeronave com teto zero e com alcance visual de, no mínimo, 175 metros. “Atualmente o Afonso Pena usa o ILS 2, com teto de 30 metros e alcance visual de 300”, informa o professor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Universidade Tuiuti do Paraná, João Carlos Mattioda. Para ele, “o ILS 3 em teoria atenderia as necessidades, porque os aviões seriam independentes do teto e apenas nevoeiro muito denso atrapalharia, só que para isso precisa atender três critérios básicos”.

Critérios

O primeiro requisito é a infraestrutura no solo, ou seja, iluminação bem feita, boa largura da pista e pintura adequada para que o piloto identifique o local de pouso. Em março, a Infraero adquiriu o radar de superfície – equipamento necessário à instalação do ILS 3. Conforme o especialista, o avião também precisa ter os equipamentos instalados e, por último e mais importante, a tripulação habilitada. Este é o mais difícil, segundo Mattioda. “Existem requisitos internacionais para os pilotos. Eles devem participar de treinamentos. É difícil ter tripulação apropriada apenas para uma rota. Além disso, não sei se a nova tecnologia resolveria o problema e poderia ficar subutilizada”.

Construção no tempo da guerra

A área pertencente ao Aeroporto Afonso Pena se constitui em parte da Colônia Afonso Pena, ali implantada no início do século XX em homenagem ao sexto presidente da República, Afonso Pena (1906-1909). Devido à entrada do Brasil na II Guerra Mundial, o Ministério da Guerra, através dos órgãos responsáveis pela aviação de 1940 a 1942 fez levantamento da área dessa colônia, por causa dos ventos dominantes. A área correspondente ao antigo Aeroporto Afonso Pena foi desapropriada para a construção das pistas de pouso, com o mesmo traçado hoje existente.

A construção original do Afonso Pena aconteceu de maio de 1944 a abril de 1945, e foi executada pelo Ministério da Aeronáutica em cooperação com o Departamento de Engenharia do Exército Norte-Americano. A Base Aérea Afonso Pena tinha como finalidade servir de ponto estratégico para as operações aliadas durante a II Guerra Mundial. Construído nos últimos meses da guerra, o aeroporto foi pouco usado, prevalecendo posteriormente o uso pela aviação civil.

Professor diz que ILS 2 é suficiente

Segundo o professor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas, João Carlos Mattioda a tripulação tem que saber monitorar de forma adequada o ILS 3, pois é a gerente do sistema que trabalha praticamente de forma automática. No entanto, ele acredita que o ILS 2 atende perfeitamente o Afonso Pena e o melhor é saber trabalhar com este problema sazonal. “Galeão e Guarulhos até justificariam ter sistema mais moderno pelo volume, mas Curitiba, pela limitação de tamanho de pista, não é destino internacional tão forte”, argumenta.

Em nota enviada ao Paraná Online, a Infraero destaca que o planejamento de aquisição de equipamentos de auxílio à navegação aérea, como o ILS 3, é de responsabilidade do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea),. “À Infraero, parceira do Decea nesses investimentos, cabe prover a infraestrutura necessária para instalação desses equipamentos”, informa.

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