Solteirice não significa necessariamente solidão

Há quem diga que não existe coisa melhor na vida e que essa história de “metade da laranja” só se for acompanhada de vodka. Outros, porém, acreditam que esta condição é um suplício e buscam incessantemente a “tampa da sua panela”.

Independentemente do grupo em que se encontram, estas pessoas celebram (ou lamentam) o Dia do Solteiro, que é hoje. Em que pese a pouca ou nenhuma significância que a data tem para o calendário comercial, estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que há aproximadamente 80 milhões de solteiros no Brasil com mais de 18 anos. Somente em Curitiba, são 634.579 solteiros, dos quais 316.212 são homens e 318.367 são mulheres.

Embora haja muita gente que se diz solteira por convicção, para a psicóloga e terapeuta em EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing/Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares), Adriana Potexki, essa história não é bem verdade.

Segundo ela, muitas destas pessoas sofreram um trauma na vida, seja uma desilusão amorosa ou uma relação conturbada dos pais. “Raramente você encontra um solteiro convicto livre de traumas. O que acontece é que a maioria delas sofreu com uma má experiência em algum ponto de sua vida. Elas se tornam convictas de uma forma inconsciente, pois não querem mais ter que passar por situações dolorosas e isso as impede de amar”, afirma.

Outra situação descrita pela psicóloga é a de pessoas opostas às convictas, que ela chama de “solteiros desesperados”. Isso acontece com aqueles que não conseguem ficar sozinhos e precisam achar um companheiro/companheira com urgência.

“O solteiro desesperado busca no parceiro ou na parceira a sua tábua de salvação para sair da solidão. Contudo, quando ela encontra, vai sufocar de tal maneira que a relação acaba não dando certo. Geralmente também elas se anulam para agradar a sua companhia, só para não se sentirem solitárias. Há um paradoxo, pois só estarão prontas para se relacionar quando se sentirem bem sozinhas”, avalia.

Potexki informa que a melhor maneira de se vencer estas feridas é com terapia. “O trauma psicológico nos autossabota. É importante que elas busquem apoio para tentar corrigir este problema. Se elas querem ficar sozinhas, que seja de forma consciente”, diz.

Solteiro e feliz

“Optei em ser solteiro porque gosto de liberdade e também porque não quero compromisso com ninguém”. Assim descreve sua opção pela solteirice o autônomo James Gonçalves Santana, 29 anos.

Para ele, além da questão de não se sentir preso a uma pessoa, há outras vantagens em não estar compromissado. “Por mais egoísta que isso possa soar, sobra mais dinheiro para gastar comigo. Não preciso, por exemplo, ter que pagar aluguel, pois moro com meus pais. Posso sair com meus amigos para balada sem ter que dar satisfação a ninguém. Se fosse casado, não poderia fazer nada disso, pois é muita responsabilidade”, revela.

Santana garante que sua convicção em ser solteiro não foi causada por nenhuma desilusão amorosa. “Já tive namoradas, mas vi que o meu lance era de ficar solteiro. Acho legal conhecer outras meninas, ficar e não ter que dar satisfação alguma. Claro, talvez um dia em me canse desta vida e me case. Entretanto, ainda me sinto muito bem em ser deste jeito e não acho que isto vai mudar tão cedo”, afirma.

Agência faz o papel de cupido

Em tempos modernos, nada mais natural do que recorrer a novos métodos para se encontrar uma companhia. A Par Ideal Agência de Relacionamentos, voltada para o público A e B, está há 15 anos em Curitiba ajudando pessoas que têm dificuldades em encontrar um companheiro ou companheira certo. Ao longo deste período, a agência já ajudou a formalizar 1,4 mil uniões.

Perfil

A proprietária da Par Ideal, Sheila Chamecki Rigler, conta como é o perfil de quem procura sua empresa. “Temos cadastrados em torno de mil pessoas. Contamos com clientes de 23 até 78 anos, dos quais 60% são mulheres e 40% homens. Tudo isto no mais absoluto sigilo”, revela.

Processo

Rigler explica como funciona todo o processo. “Após assinar o contrato, o cliente responde um questionário e faz uma entrevista com uma psicóloga. Posteriormente, apresentamos as fichas de cinco pessoas com potencial para este cliente. Ele escolhe uma delas e é combinado um horário para ligar para a escolhida. Depois é por conta deles. Independente do encontro dar ou não certo, eles devem falar com a gente para que a gente saiba”, informa. (FL)

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