O paranaense Wagner Andolfato de Sousa, que sobreviveu à queda de um avião na selva amazônica peruana no início da semana passada, chegou em Curitiba ontem, pela manhã, vindo de Lima, Peru, onde estava internado se recuperando das queimaduras de 2.º grau no rosto e nos membros superiores. Ele veio acompanhado pelo cirurgião plástico peruano Walter Navarro, que deu assistência a ele naquele país.
Ainda na pista do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, Wagner foi recebido pelos pais, Waldemar e Sirlei. Os três entraram em uma ambulância, que aguardava ao lado da aeronave, e seguiram direto para o Hospital Evangélico, onde o sobrevivente vai continuar o tratamento. Por orientações médicas, Wagner não conversou com a imprensa, apesar da insistência dos jornalistas. Ontem, ele apenas recebeu a visita de parentes e repousou, depois de enfrentar uma viagem de 8 horas de volta para casa.
O médico João Vieira, cirurgião plástico residente do Evangélico, explicou que o quadro clínico de Wagner é estável. O paciente teve cerca de 15% de seu corpo queimado. ?O relatório do Dr. Navarro aponta que Wagner teve queimaduras de 2.º grau, o que indica uma boa evolução. Dá para ver que ele foi bem cuidado?, constatou.
O tempo de internação pode variar entre 15 a 30 dias, segundo Vieira. A situação do sobrevivente será melhor avaliada hoje, com a realização de um curativo sob o efeito de anestesia. As bandagens que Wagner possui sobre a área queimada serão removidas, o que vai permitir uma avaliação mais precisa. Mais detalhes sobre o estado de saúde de Wagner serão apresentados em uma entrevista coletiva, hoje, às 10h30.
No Peru, o paranaense foi submetido ao procedimento cirúrgico henteroenxerto, feito com bandagens de pele de porco, para ajudar na cicatrização das queimaduras nos membros superiores. O médico peruano Walter Navarro ressalta que o curativo impede infecções e mantém o local hidratado. Conforme a recuperação, o próprio corpo elimina a pele de porco. O mesmo procedimento não foi realizado no rosto. Esta parte está sendo tratada com remédios e cremes específicos. Navarro acha que Wagner não vai precisar de cirurgias plásticas.
O Hospital Evangélico não utiliza o método com pele de porco, mas a retirada deste material ainda será estudada pela equipe médica curitibana. A instituição aplica curativos a base de proteína sintetizada por microorganismos, como algas e bactérias. De acordo com Vieira, mais do que a parte estética, é preciso ficar atento às funções do corpo do paciente. As queimaduras podem afetar o movimento das mãos, por exemplo. Mas ele acredita que isso não vai acontecer com Wagner, por ter sofrido queimaduras de 2.º grau.