De repente, a chuva, o vento, o granizo. Em poucos minutos, famílias perdem o que demoraram anos para conquistar. Tragédias causadas a partir de fenômenos da natureza – que contaram também com a colaboração do homem – deixam marcas em muita gente. Depois da vida salva – quando isso acontece -, chega a hora de recuperar tudo. De retomar a vida. E de sempre ficar alerta para o que der e vier.

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É exatamente isso que acontece com os moradores da Vila Idalina, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. O Rio Ressaca, que deságua no Iguaçu, tornou-se uma preocupação entre a população local. A área foi alvo de duas inundações em 2007: uma no dia 19 de janeiro e a outra no dia 11 de dezembro.

A primeira enchente causou muito estrago. Quase foi uma tragédia com vítimas. Um idoso e um bebê recém-nascido tiveram de ser resgatados por equipes da Defesa Civil municipal. Por pouco, casas frágeis de madeira, que ficam na beira do rio, não foram arrastadas pela concorreteza.

Os moradores largaram tudo para trás e pularam os muros das casas para fugir da água, que chegava até o peito de um adulto de estatura média. A cena não era de carregar objetos nas costas. Mas de carregar pessoas.

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Em 20 minutos, veio a fase mais difícil da família do auxiliar de produção André Geovani dos Santos. “A água subiu muito rápido. Na hora, a preocupação foi tirar todo mundo de casa. Perdemos tudo naquela enchente. Estragaram móveis, eletroeletrônicos, colchões, roupas, alimentos. Tivemos que ir para a casa de parentes. Nos ajudaram (equipes da Defesa Civil) bastante. Mas o resto fica com a gente. E não dá para comprar tudo de uma vez. Até agora a gente está tentando se recuperar. Foi uma fase muito difícil”, relata.

Opostos: dona Jandira (acima) fez sua casa mais alta. Já André (abaixo) precisou comprar quase tudo novamente.

Apesar de ficar perto do Rio Ressaca, a residência da dona de casa Jandira Silveira Moraes não sofreu tantos prejuízos quanto em outras casas da Vila Idalina. Isso porque a casa dela foi construída mais elevada em relação à rua.

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Mesmo assim, ela perdeu móveis e alimentos. “Moro aqui há 18 anos e essas duas enchentes do ano passado foram as piores. Na primeira, minha neta, que estava grávida, precisou pular o muro do vizinho para escapar da água”, conta. O relato da dona Jandira mostra que as cicatrizes ainda não fecharam. “Aqui, começa a formar o tempo de chuva, a gente já se preocupa.”

Outros caminhos?

E eles pensam em sair de lá? “Sei que é o que todo mundo pensa. Mas a gente não tem alternativa”, fala dona Jandira. “Dá vontade de ir embora, mas também não dá para abandonar tudo. A gente precisa encarar o problema de frente”, acredita André.

A inundação de 19 de janeiro de 2007 atingiu 2,5 mil famílias em 17 regiões diferentes de São José dos Pinhais. Quase todas foram novamente afetadas pela enchente de 11 de dezembro do ano passado, com prejuízos em 177 residências.

Nas duas ocasiões – e também em uma outra inundação em março de 2007 que atingiu 8 vilas e 250 famílias -, a Defesa Civil do município distribuiu cestas básicas, material de limpeza, colchões, água, remédios.

De acordo com José Roberto Alves, diretor da Guarda Municipal de São José dos Pinhais (responsável pela parte da Defesa Civil), foram feitas intervenções para evitar novas inunda&c,cedil;ões do Rio Ressaca, como a retirada de manilhas e a construção de galerias abertas, para dar vazão à água.

Além disso, existe um projeto de revitalização para as áreas na margens do rio. Mas ainda depende-se de financiamento. O Rio Ressaca tem 3,5 quilômetros e atravessa a parte urbana do município.

Defesa Civil faz monitoramento online

Quando situações como essa acontecem, a Defesa Civil dá a primeira resposta.
Todas as cidades devem ter a própria coordenadoria de Defesa Civil, composta
por diversos órgãos de cada município. Estas estruturas estão subordinadas à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, vinculada à Casa Militar do Governo do Estado, e que também conta com a participação de todas as secretarias.

O trabalho da Defesa Civil divide-se em quatro fases: prevenção, preparação, resposta e reconstrução. “Quando há um alerta de vendaval, por exemplo, nós avisamos e orientamos a população por meio dos veículos de comunicação.

Depois, atendemos todas as pessoas atingidas de alguma forma, como com lonas para cobrir as casas. A primeira resposta sempre é da Defesa Civil do município. Após tudo isto, são avaliados os prejuízos e a necessidade de ajuda do Estado ou da União, dependendo da quantidade de pessoas atingidas e da capacidade do município em atender essa população”, esclarece o major Osni José Bortolini, chefe da divisão de Defesa Civil da Casa Militar.

Todo o acompamento das atividades, no Estado inteiro, acontece hoje online. A Defesa Civil também faz estudos e projetos para a prevenção de novas tragédias. Além disso, atua em outras frentes, como na área de saúde, de meio ambiente e acidentes com substâncias perigosas.

Informações de alertas meteorológicos e orientações sobre como se prevenir e se comportar em cada tipo de situação podem ser obtidas no site www.defesacivil.pr.gov.br.