Desde o início do ano, foram registrados no Paraná dezessete casos de desaparecimento de crianças, entre zero e 12 anos de idade. Ainda estão sem solução 3% dos casos. A informação é do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), que ontem, em Curitiba, em parceria com o Movimento Nacional em Defesa da Criança Desaparecida, lançou a Semana de Prevenção do Desaparecimento de Crianças no Estado.
As atividades tiveram início durante a manhã, com passeata em defesa das crianças desaparecidas que teve início na Praça Santos Andrade e acabou na Boca Maldita. Depois, os participantes, entre eles parentes de crianças desaparecidas e integrantes do Sicride e do Movimento Nacional, se reuniram na sede para apresentar trabalhos de envelhecimento digital de crianças desaparecidas há mais de dez anos.
Segundo a delegada titular do Sicride, Márcia Tavares dos Santos, o envelhecimento digital começou a ser feito em 1994 e, utilizando fotos da criança desaparecida, dos pais e outros parentes, tenta reproduzir a fisionomia atual da pessoa procurada. “O envelhecimento digital ajuda bastante na investigação, pois é muito difícil conseguir reconhecer alguém que, por exemplo, hoje está com 20 anos, por meio de uma foto de quando ela tinha 8 ou 9”, comenta Márcia.Participaram do lançamento da semana os pais e o irmão de Leandro Bossi, Paulina, João e Ademir Bossi, e a mãe de Guilherme Caramês Tiburtius, a deputada estadual Arlete Caramês (PPS), fundadora do movimento.
Esperança
Tanto fotos de Leandro, que desapareceu em 1992, aos oito anos de idade, em Guaratuba, no litoral do Estado, quanto de Guilherme ? que desapareceu aos 8 anos, há exatos 12 anos, no dia 17 de junho de 1991, em frente à sua casa, em Curitiba ? passaram por envelhecimento digital. O trabalho realizado pela equipe do Sicride representa uma nova esperança para os pais.
“No ano passado, algumas pessoas viram o trabalho do envelhecimento digital feito com o Guilherme e encontraram um rapaz muito parecido com ele em São Paulo”, disse Arlete. “Infelizmente não era o meu filho, mas o caso comprova que o envelhecimento digital chama a atenção da população e pode ajudar as pessoas a reconhecerem as crianças desaparecidas mesmo depois de anos.”Desde a criação do Sicride, em 1995, 98% dos casos de crianças desaparecidas foram solucionados. Em 50% dos casos investigados, as crianças tinham fugido de casa. Em 90% dos casos de desaparecimento, as crianças sumiram nas imediações de casa.
Pais devem tomar precauções
No Paraná, o Movimento Nacional em Defesa da Criança Desaparecida (www.criançasdesaparecidasparana.hpg.com.br) elaborou um conjunto de orientações aos pais para que as crianças não desapareçam:
Nunca deixe seu filho sozinho em casa, rodoviárias, consultórios, lojas e outros estabelecimentos. Não permita que seu filho brinque sozinho na rua;
Não se distraia olhando vitrines ou experimentando roupas. No horário dos afazeres domésticos, esteja atento e saiba sempre onde seu filho está;
Procure conhecer os amigos de seu filho e os pais deles. Redobre a atenção quando sua casa ou prédio está em reforma;
Nunca permita que seu filho seja fotografado na escola ou em casa se não souber a procedência do fotógrafo. Jamais preencha formulários de pesquisas familiares sem saber qual é a finalidade;
Ao levar seu filho à escola observe-o e oriente-o para que só saia de lá em sua companhia ou na de qualquer outro responsável conhecido.
Solicite à direção da escola que jamais entregue seu filho a qualquer pessoa sem autorização;
Quando contratar os serviços de alguém, procure informações detalhadas e exija carta de referência;
Ensine ao seu filho desde pequeno o seu nome completo, o nome de seus pais, seu endereço e telefone;
Oriente seu filho a jamais aceitar presentes, doces ou caronas de qualquer pessoa. Ensine seu filho que não deve dar informações sobre ele ou a família a estranhos;
Providencie carteira de identidade a seu filho. Saiba o grupo sangüíneo e o RH da criança.